sábado, 21 de junho de 2014

LITURGIA DO DOMINGO

Não tenham medo! No trecho do Evangelho que acabamos de ler e/ou escutar, destaca-se a palavra de Jesus que se repete quatro vezes: não tenham medo. A comunidade de Mateus está refletindo sobre a missão dos discípulos de Jesus, as adversidades e dificuldades que eles encontraram no seu caminho como seguidores e seguidoras de Jesus.Comunica assim esta exortação reiteradas vezes: Não tenham medo! O grupo majoritário da comunidade a quem é dirigido o Evangelho de Mateus é de origem judaica. Por isso em várias circunstâncias apresenta-se Jesus como aquele que não somente conhece a Lei, mas quem traz a perfeição da Lei. Lembremo-nos das bem-aventuranças no Monte Sinai e os ensinamentos sobre o significado de cumprir a Lei, de ser “perfeito”. Tudo isto gera um ambiente de claro confronto com as autoridades judaicas. Junto com isso a comunidade também sofria a opressão do Império romano com uma grande mostra de força militar. E não podemos esquecer a existência de grupos rebeldes dispostos a eliminar o que não estivesse de acordo com eles. Ciente dessas dificuldades, Mateus apresenta Jesus no meio da sua comunidade, Ele é o Emanuel, Deus conosco, por isso os/as cristãos/ãs não devem ter medo, são convidados/as a confiar naquele que promete estar sempre com seu povo: "Eu estarei com vocês todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20). Sem dúvida, para os primeiros ouvintes do evangelho de Mateus, judeus convertidos à fé cristã, esta reiteração de confiar no Senhor, de não temer porque Deus está com eles, remete-os ao texto do profeta Isaías, iluminando-o: “Assim diz Javé: Não tenham medo, porque eu o redimi e o chamei pelo nome; você é meu. Quando você atravessar a água, eu estarei com vocês e os rios não os afogarão. Não tenham medo, pois eu estou com vocês” (Is 43, 1-6). Hoje podemos nos perguntar quais são as tensões que sofrem as comunidades cristãs em diferentes partes do mundo. Não podemos esquecer as pessoas e comunidades que sofrem persecuções em várias partes do Oriente, na China onde a informação é censurada, na África ou em diferentes países de América Latina. Depois de viver na Síria por mais de 30 anos e ter se comprometido com o diálogo islamo-cristão – particularmente na comunidade monástica que ele fundou no norte de Damasco –, Dall'Oglio foi expulso em junho de 2012 depois de ter se posicionado em favor do plano de paz da ONU, do então enviado especial Kofi Annan. Do exterior, o jesuíta romano tinha se inclinado ainda mais abertamente ao lado da oposição contra a repressão do governo. Ele tinha voltado clandestinamente para a Síria pela primeira vez em fevereiro de 2013, para uma "peregrinação de dor e testemunho" no vale do Orontes (Cf. notícia completa no site: ''Padre Paolo Dall'Oglio deve voltar livre'': o apelo da família. Meriam Yehya no Sudão , jovem mãe condenada à morte por ter se negado a abandonar a religião cristã. Ela está presa junto com seu outro filho de 20 meses. Foi abandonada pelo pai muçulmano quando tinha seis anos. Por este motivo, cresceu na fé cristã de sua mãe. O caso volta a chamar a atenção do mundo inteiro sobre os horrores da intolerância religiosa e a condição dos cristãos nos países dominados pela ‘sharia’. No Brasil, a morte de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados a tiros no interior do Projeto de Assentamento Extrativista, Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará, no ano de 2011. O Regional Norte 2 da CNBB destaca que: "Eles foram pioneiros na criação da reserva extrativista do Assentamento Praia Alta Piranheira, onde existe uma das últimas reservas de castanha-do-pará. Essa reserva, em razão da grande riqueza em madeira, era alvo de cobiça de madeireiros e grileiros". Nesta situação, somos convidados a escutar novamente as palavras de Jesus: "O que digo a vocês na escuridão, repitam à luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados". Da amizade, da intimidade com Jesus brota a missão. Como diz o apóstolo João: "Aquilo que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam: falamos da Palavra que é a Vida... isso anunciamos" (1Jo 1,1.3). Por isso, a comunidade dos amigos e amigas de Jesus não pode ficar calada. Como Maria, tem a missão de ser servidora da Palavra de Deus, o que a faz ser neste mundo voz profética, libertadora e terna. Jesus promete sua presença contínua ao nosso lado e utiliza uma metáfora muito bonita que alimenta a esperança subversiva das comunidades: "Não se vendem dois pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Quanto a vocês, até os cabelos da cabeça estão todos contados. Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais". Encorajados/as por este cuidado amoroso que Deus tem por nós, e pelo testemunho de tantos homens e mulheres que na nossa América Latina souberam ser fiéis ao projeto de Deus, sofrendo a perseguição e até a morte, continuemos nossa "carreira" na construção de um mundo de acordo com o sonho de Deus Pai-Mãe. Oração Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica! Tentamos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»! Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amém

Nenhum comentário:

Postar um comentário