Santo Antônio e o milagre eucarístico de Rimini
A narração de um dos milagres mais significativos do
Santo, por ocasião da celebração da sua memória litúrgica de hoje
Por Salvatore Cernuzio
ROMA,
quarta-feira, 13 de junho de 2012 (ZENIT.org) – “Santo dos Milagres”, assim era chamado Santo
Antonio de Pádua, que hoje celebramos a memória litúrgica.
De
fato, foram muitos os prodígios que o Santo realizou ao longo da sua vida.
Particularmente, a tradição nos deu a conhecer o famoso “milagre eucarístico de
Rimini”, ou o assim chamado milagre “da mula”, acontecido na capital da Romanha
e atribuído à sua intercessão.
O
episódio está relacionado com a luta entre cristãos e hereges: nos primeiros
séculos após o ano Mil, de fato, a hierarquia da Igreja era fortemente
contestada por movimentos heterodoxos, incluindo os cátaros, patarines e
valdenses. Especialmente, estes atacavam a verdade fundamental da fé católica:
a presença real do Senhor no sacramento da Eucaristia.
O
Milagre Eucarístico foi obrado por Santo Antonio depois que um certo Bonovillo,
um herege, o desafiou a provar por meio de um milagre a presença real do Corpo
de Cristo na comunhão. Outra biografia antiga de Santo Antônio – A
Assídua – traz as palavras exatas faladas por Bonovillo no 'desafio':
"Irmão! Digo-te diante de todos: acreditarei na Eucaristia se a minha
mula, que deixarei sem comer por três dias, comer a Hóstia que tu lhe
oferecerás, em vez da forragem que lhe darei”.
Se
o animal tivesse, portanto, deixado de lado a comida e ido adorar o Deus
pregado por Santo Antônio, o herege ter-se-ia convertido.
O
encontro foi marcado na Praça Grande (Atual Praça dos Três Mártires), atraindo
uma multidão enorme de curiosos. No dia combinado, portanto, Bonovillo apareceu
com a mula e com a cesta de Forragem. Chegou Santo Antônio que, depois de ter
celebrado a Missa, trouxe em procissão a Hóstia consagrada dentro do ostensório
até a praça.
Diante
da mula, o Santo teria dito: “Em virtude e em nome do Criador, que eu, por mais
indigno que seja, tenho realmente nas mãos, te digo, ó animal, e te ordeno que
te aproximes rapidamente com humildade e o adores com a devida veneração”.
O
animal, apesar de estar esgotado pela fome, deixou de lado o feno, e
aproximou-se para adorar a hóstia consagrada a tal ponto que inclinou os
joelhos e a cabeça, provocando a admiração e o entusiasmo dos presentes.
Antonio não se enganou ao julgar a lealdade do seu oponente, que, ao ver o
milagre, jogou-se aos seus pés e abjurou publicamente os seus erros,
tornando-se a partir daquele dia um dos mais fervorosos cooperadores do Santo
taumaturgo.
Em
memória deste episódio foi construído, na praça Três Mártires, uma igrejinha
dedicada a Santo Antonio com uma capela que fica na frente, obra de Bramante
(1518). A capela, no entanto, foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje,
então, é possível visitar, do lado do Santuário de São Francisco de Paula, o
“templete” – como é chamado pelos habitantes de Rimini – em substituição da
Igreja originária, que foi consagrada no dia 13 de abril de 1963.
Com
um tabernáculo de prata dourado que reproduz o pequeno templo exterior, e de um
frontal de altar de bronze mostrando o milagre da mula, a igrejinha tornou-se
sede da Adoração Eucarística perpétua a partir do 28 de novembro de 1965, por
vontade do bispo Biancheri.
Historicamente
o milagre da mula apareceu um pouco tarde na iconografia de Santo Antônio, no
âmbito do movimento eucarístico do século XIII que levou, em 1264, à
instituição da festa solene do Corpus Domini pelo Papa Urbano IV, a fim de
defender e dar o justo valor à Eucaristia.
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