Antenor de Andrade
ECOLOGIA
Eu era criança, estudava na Escola Primária. Os
livros descreviam os desertos e diziam que no Brasil não havia esses fenômenos
planetários. Falavam do Pamir, do Calahari, do Saara, do Colorado, dos desertos
gelados da Sibéria e Patagônia. Eu ficava satisfeito ao saber que estávamos
livres daquelas solidões desoladoras. No Brasil não havia desertos, o que hoje
não poderíamos mais afirmar, pois eles estão nascendo entre nós e com relativa
rapidez.
Depois tudo mudou e eu fiquei sabendo que um dos problemas do homem moderno não é só a desertificação globalmente crescente, mas outros tipos de agentes negativos físicos ou químicos presentes na natureza.
Hoje sofremos as consequência
deletérias da poluição do ar e da água, a desnudês da terra perdendo sua
roupagem vegetal, do “efeito serra”, do buraco de ozônio, do Niño e sua companheira,
“La niña”. Tememos ainda a ameaça de guerras planetárias ou a poluição espacial
com bólides artificiais desgovernados, loucos caindo sobre nossas cabeças. Tudo
isso obra do homem que não está sabendo gestir o Universo que o Criador lhe
entregou, que não entendeu o “crescei e multiplicai-vos”.
A ganância que sempre envolveu os povos
ricos e explorou os impotentes e pobres levou a humanidade ao descalabro social,
à desigualdade, sobretudo entre o Norte e o Sul dos hemisférios. Enquanto
alguns controlam o mundo, muitos outros povos vão definhando e aqueles não
estão dispostos a mudarem seu comportamento de vida e de ação. É a ação do velho
direito da força? A continuação da
filosofia nazista de uma raça superior que deve afinal sobrepor-se às demais?
Os senhores que dominam o mundo
econômico, político, científico estão dispostos a carrearem seus poderes,
riquezas e oportunidades para construírem o bem comum? Convencer-se-ão a
mudarem suas mentalidades, seus modos de atuação para construírem uma ecologia
sã. Conduzirem a humanidade a se ajudar e crescer unida na verdadeira direção
de uma fraternidade universal, onde todos possam trabalhar para o bem universal
da inteira raça humana?
Enquanto não criarmos uma consciência
preferencial pela ecológica universal, enquanto não nos livrarmos da arrogância
e do desejo insopitável do domínio, o homem será o “o lobo do homem” e cairá
inelutavelmente no poço de ozônio por ele mesmo construído. A história é mestra
da vida, mas infelizmente tem poucos discípulos. Pouco aprendemos e menos ainda
praticamos suas lições.
Respeito
às leis da Natureza
Terminaremos
em uma desordem total, o mundo será guiado por uma desordem irracional? Viveremos
eternamente incapazes de sacrificar algo do que conseguimos para trazer um bem
estar mais geral?
E a Natureza que fará? Como reagirá aos maus
tratos que lhe damos? As novas enfermidades, os novos tipos de cânceres de
peles, de pulmões não serão novos sinais dos tempos que teremos que ler e tirar
lições?
Os plásticos infestam nossas cidades,
campos e mares. Os pneus que duram duzentos anos e tudo quanto é lixo entulham
nossas praças e ruas. As geleiras se derretem, enquanto os oceanos cada vez
mais se aquecem. Os tsunamis e movimentos tectônicos nos apavoram e ceifam
multidões. Os desertos nascentes ou em crescimento. Os veículos cada vez mais numerosos
atravancando nossas vias e produzindo mortes.
A ecologia está a nos chamar a atenção sobre
o tratamento que lhe damos. Ele não é o correto. Precisamos mudá-lo. Mas como modificar
nosso modelo? Estamos condenados inexoravelmente ao desenvolvimento? Não poderemos
retornar? E Então?
Houve quem propusesse o “crescimento zero”.
Parar aonde chegamos. E as drásticas consequência que daí decorreriam? Seriam
mais danosas ainda. Como se comportariam de um lado os mecanismos de poderes e
por outro as carências e necessidades dos países pobres ou em desenvolvimento?
A solução não é simples e é muito delicada. Continuaria a mesma problemática
entre os poderosos e os fracos, os dominadores e os dominados.
Não se pode resolver o problema ecológico com
determinados grupos de “iluminados”, de políticos, economistas ou cientistas,
com programas utopísticos ou até ingênuos. As forças políticas e sociais dos
Estados e Governos, empresários, sindicatos, Igrejas têm que se debruçarem
diante da Natureza com humildade e coragem. O problema ecológico deve ser universalmente
encarado como prioritário, a meu ver.
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