Postado
por: homilia
setembro 20th, 2012
Um fariseu convidou Jesus para jantar. Ele foi até a
casa do homem e sentou-se para comer. Naquela cidade, morava uma mulher de má
fama. Ela soube que Jesus estava jantando na casa do fariseu. Então, pegou um
frasco feito de alabastro, cheio de perfume, e ficou aos pés de Jesus. Ela
chorava e as suas lágrimas molhavam os pés dele. Então, ela os enxugou.
A segurança parecia retornar ao coração de Simão, o
fariseu, ao assistir a tão escandalosa cena. Com os seus próprios cabelos,
aquela mulher beijava os pés de Jesus e derramava o perfume neles. Quando o
fariseu viu isso, pensou assim: “Se este homem fosse, de fato, um profeta,
saberia quem é esta mulher que está tocando nele e a vida de pecado que ela
leva”.
Seu juízo é apressado e infundado. Assim como não teve
fé e amor para enlevar-se com o Mestre, faltou-lhe também o discernimento para,
na ex-pecadora, ver e interpretar os sinais de um arrependimento perfeito, pois
são notórios os efeitos do vício ou da virtude estampados na face (cf. Eclo 13,
31).
O orgulho de ser um rigoroso e sábio legista o levou a
uma conclusão aparentemente lógica, mas em realidade temerária contra o Médico
e contra a enferma. Além do mais, manifestou sua falsidade, pois, se concebeu,
no seu interior, a convicção de estar diante de um homem comum e aguardou sua
saída para, provavelmente, comentar com satisfação o aparente horror daquele
escândalo, por que chamá-Lo de Mestre? A esse respeito, comenta com muita
propriedade São Gregório Magno: “O Médico se encontrava entre dois
enfermos: um tinha a febre dos sentidos, e o outro havia perdido o sentido da
razão. Aquela mulher chorava o que havia feito, mas o fariseu, orgulhoso pela
sua falsa justiça, exagerava a força de sua saúde”.
Além não ter consciência ou virtude para perceber na
pecadora a enorme graça de que havia sido objeto, faltou ao fariseu humildade,
fé e amor para ver em Jesus o Filho de Deus. Entretanto, a prova de quanto o
Senhor é profeta foi dada a Simão logo a seguir, no estilo tão apreciado
naqueles tempos: por meio da parábola dos dois devedores.
É notório o caráter universal das palavras do Salvador
contidas nesse trecho, mas não podemos negligenciar a realidade concreta a
desdobrar-se diante de seus olhos de Juiz Supremo.
Ali estavam dois réus. Ambos haviam ofendido a Deus em
graus diferentes e necessitavam, portanto, do perdão. A pecadora estava tomada
por um arrependimento perfeito e foram-lhe perdoados os seus muitos pecados,
porque muito amou. Quanto ao fariseu, o Senhor lhe externa sua disposição em
perdoá-lo, mas seriam necessários – da parte dele – fé e maior amor.
Indispensável era ao fariseu reconhecer seu débito para com Deus e pedir-Lhe
perdão, mas ele assim não procedeu por ser orgulhoso.
É fácil compreender a sentença final do Divino Juiz: a
pecadora é oficial e publicamente perdoada; quanto ao fariseu, na melhor das
hipóteses — se chegasse a se arrepender e vencer seu orgulho — caberia, talvez,
o decreto de Nosso Senhor: “os publicanos e as meretrizes vos precedem
no Reino de Deus”.
Esta sentença pode ser minha e sua quando criticamos e
censuramos os outros. Sobretudo, aqueles que a sociedade marginaliza e
considera como “pecadores públicos”. E Jesus, voltando-se para o excluído diz:
“A tua fé te salvou. Vai em paz”.
Padre Bantu Mendonça
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