quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Desafios do homem contemporâneo - III



Antenor de Andrade
ECOLOGIA
        Eu era criança, estudava na Escola Primária. Os livros descreviam os desertos e diziam que no Brasil não havia esses fenômenos planetários. Falavam do Pamir, do Calahari, do Saara, do Colorado, dos desertos gelados da Sibéria e Patagônia. Eu ficava satisfeito ao saber que estávamos livres daquelas solidões desoladoras. No Brasil não havia desertos, o que hoje não poderíamos mais afirmar, pois eles estão nascendo entre nós e com relativa rapidez.

Depois tudo mudou e eu fiquei sabendo que um dos problemas do homem moderno não é só a desertificação globalmente crescente, mas outros tipos de agentes negativos físicos ou químicos presentes na natureza.
Hoje sofremos as consequência deletérias da poluição do ar e da água, a desnudês da terra perdendo sua roupagem vegetal, do “efeito serra”, do buraco de ozônio, do Niño e sua companheira, “La niña”. Tememos ainda a ameaça de guerras planetárias ou a poluição espacial com bólides artificiais desgovernados, loucos caindo sobre nossas cabeças. Tudo isso obra do homem que não está sabendo gestir o Universo que o Criador lhe entregou, que não entendeu o “crescei e multiplicai-vos”.
A ganância que sempre envolveu os povos ricos e explorou os impotentes e pobres levou a humanidade ao descalabro social, à desigualdade, sobretudo entre o Norte e o Sul dos hemisférios. Enquanto alguns controlam o mundo, muitos outros povos vão definhando e aqueles não estão dispostos a mudarem seu comportamento de vida e de ação. É a ação do velho direito da força?  A continuação da filosofia nazista de uma raça superior que deve afinal sobrepor-se às demais?
Os senhores que dominam o mundo econômico, político, científico estão dispostos a carrearem seus poderes, riquezas e oportunidades para construírem o bem comum? Convencer-se-ão a mudarem suas mentalidades, seus modos de atuação para construírem uma ecologia sã. Conduzirem a humanidade a se ajudar e crescer unida na verdadeira direção de uma fraternidade universal, onde todos possam trabalhar para o bem universal da inteira raça humana?
Enquanto não criarmos uma consciência preferencial pela ecológica universal, enquanto não nos livrarmos da arrogância e do desejo insopitável do domínio, o homem será o “o lobo do homem” e cairá inelutavelmente no poço de ozônio por ele mesmo construído. A história é mestra da vida, mas infelizmente tem poucos discípulos. Pouco aprendemos e menos ainda praticamos suas lições.
Respeito às leis da Natureza
Terminaremos em uma desordem total, o mundo será guiado por uma desordem irracional? Viveremos eternamente incapazes de sacrificar algo do que conseguimos para trazer um bem estar mais geral?
E a Natureza que fará? Como reagirá aos maus tratos que lhe damos? As novas enfermidades, os novos tipos de cânceres de peles, de pulmões não serão novos sinais dos tempos que teremos que ler e tirar lições?
Os plásticos infestam nossas cidades, campos e mares. Os pneus que duram duzentos anos e tudo quanto é lixo entulham nossas praças e ruas. As geleiras se derretem, enquanto os oceanos cada vez mais se aquecem. Os tsunamis e movimentos tectônicos nos apavoram e ceifam multidões. Os desertos nascentes ou em crescimento. Os veículos cada vez mais numerosos atravancando nossas vias e produzindo mortes.
A ecologia está a nos chamar a atenção sobre o tratamento que lhe damos. Ele não é o correto. Precisamos mudá-lo. Mas como modificar nosso modelo? Estamos condenados inexoravelmente ao desenvolvimento? Não poderemos retornar? E Então?
Houve quem propusesse o “crescimento zero”. Parar aonde chegamos. E as drásticas consequência que daí decorreriam? Seriam mais danosas ainda. Como se comportariam de um lado os mecanismos de poderes e por outro as carências e necessidades dos países pobres ou em desenvolvimento? A solução não é simples e é muito delicada. Continuaria a mesma problemática entre os poderosos e os fracos, os dominadores e os dominados.
Não se pode resolver o problema ecológico com determinados grupos de “iluminados”, de políticos, economistas ou cientistas, com programas utopísticos ou até ingênuos. As forças políticas e sociais dos Estados e Governos, empresários, sindicatos, Igrejas têm que se debruçarem diante da Natureza com humildade e coragem. O problema ecológico deve ser universalmente encarado como prioritário, a meu ver.

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