quinta-feira, 20 de setembro de 2012

UMA REFLEXÃO


Os sinais dos tempos, a Ética e o homem moderno
Antenor de Andrade Silva.

O tema da interpretação dos sinais dos tempos não é uma novidade. Jesus Cristo já admoestava seus ouvintes fariseus e saduceus sobre a incapacidade que eles tinham de interpretarem os sinais dos tempos (Mt 16, 2-3. Lc 12, 56).
João XXIII em Humanae salutis, 4 e Pacem in tereis (1963) aborda este problema. Na primeira Encíclica de Paulo VI, a Ecclesiam suam, o Pontífice lembra que o renovação da Igreja exige uma atenção constante aos sinais dos tempos. O Papa afirma ainda que devemos estar abertos a tudo quanto é bom em qualquer época ou circunstância.
Uma reflexão ligada a esta problemática é a abordagem sobre os desafios enfrentados pelo homem moderno em relação à Ética.
Sabemos que a Ética faz parte da Filosofia e estuda os valores morais do comportamento humano. Assim sendo ela pode nos apresentar normas de conduta e motivações próprias com respeito ao relacionamento do homem com a Natureza e com o próprio homem. Hoje, o que vemos é que um dos grandes problemas do homem está na escolha de seus objetivos, em suas opções fundamentais, em seu modo de julgar e agir. No entendimento dos valores que lhes são propostos pela mesma ética. Seu erro fundamental está muitas vezes nas escolhas que faz, no uso de seu livre e irremovível  arbítrio. Escolhas estas toleradas por Deus, o que não significa sejam aprovadas e desejadas por Ele.
Em nossos dias a dificuldade fundamental do homem é espiritual, agravando-se pelo fato de que seus alertas não mais o chamam a atenção. Ele enclausurou sua consciência moral, aprisionou-a nos escuros e perigosos cubículos de seus desejos tenebrosos e maquiavélicos.
Os filhos de Adão retornam à situação primitiva dos seus primeiros dias. Não mais aceitam interferências que venham de encontro ao que decidiram abraçar. Acham que são onipotentes, oniscientes. Tornaram-se a própria serpente e incorporaram, somatizaram e realizam todos os seus convites e ofertas duvidosos. As maçãs não são mais ofertadas por uma serpente estranha, mas por aquelas que foram abrigadas dentro da própria residência.
O rei da Criação tornou-se inimigo, êmulo de seu Criador. Fez para si um demiurgo  efêmero, enganador. É a presença dos deuses de barro, dos fetiches primevos da história dos humanos. Este rei construiu para si pequenos e poderosos  deuses feitos à sua imagem e semelhança. Ídolos que podem a qualquer momento serem substituídos por outro mais convenientes, mais condescendentes e submissos.
Este fenômeno que também não é de hoje, é um sinal dos tempos a ser refletido, pelos que têm boa vontade. A criatura não pode deixar de caminhar ao lado de seu Criador. Perder-se-á por entre os vales e o calor abrasante do deserto, embora por vezes, engane-se momentaneamente sob as copas de alguma palmeira ou nas águas de um oásis passageiro.



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