CONCEPÇÕES
SOBRE A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO[1]
Antenor de Andrade
Em geral as religiões e
filosofias antigas consideravam o tempo ligado ao ritmo natural dos astros e
estações. Tratava-se de uma espécie de ciclo indefinido que se repetia sempre e
do mesmo modo. A idéia moderna de “história” com passado, presente e futuro não
aparece nas concepções do povos antigos do Oriente Médio. Suas origens estariam
na mitologia e não na história. A vida daqueles povos baseava-se no evento
mítico, constante, cíclico. No retorno anual das estações, na revolução dos
corpos celestes, no ciclo dos dias e das noites, no perpétuo conflito entre a
ordem e o caso. A vida humana transcorria frente a um ciclo mítico até que retornaria à suas origem, quando
tudo recomeçaria.
O povo de Israel saiu uma só
vez do Egito. Jesus Cristo morreu e ressuscitou uma vez para sempre. Adônis, na
crença mitológica, morria a cada Outono e renascia a cada Primavera.
- Mundo helenístico. Entre os gregos era típica a concepção cíclica. O
tempo consistia numa roda fatal
formada por cursos e cainhos repetidos inelutavelmente. A história consiste na
repetição eterna de acontecimentos com esquemas fixos e previsíveis. Eles
apresentam:origem, ascensão, declínio e queda. O divino era o mundo imóvel e eterno das idéias, a que correspondem as
leis imóveis do mundo, com o movimento permanente cíclico dos astros e as leis
estáveis da cidade ( Cf . Carlos Rocchetta. Os Sacramentos da fé, Ed. Paulinas, p 32). A salvação acontecia quando
o homem que perdera os primórdios míticos conseguisse sair do tempo e
retornasse a eles. O homem deve lutar para reconquistar sua origem primordial.
Deve defender-se durante esta viagem contra toda fatalidade histórica que tente
desviá-lo de seu caminho. Deve desconfiar delas. Um exemplo plástico dessa
visão está na luta de Ulisses para retornar à pátria.
- Hinduísmo e Budismo. Multiplicidade e dispersão são as características
dessas religiões, sobretudo no Budismo. A salvação está na unidade. Deve-se
lutar para sair do tempo, onde se encontra a multiplicidade, para retornar à
unidade interior, onde está a verdade do próprio ser.
- Concepção judaico-cristã. Substitui a visão do tempo
cíclico pela histórico-linear. Nesta o tempo apresenta uma “duração criadora”,
na qual e através da qual acontece o mistério eterno da salvação. Não se trata
de uma fuga ou volta à história, mas adesão ao
evento único de Cristo que se realiza na história modificando-a eternamente
uma vez para sempre. É em torno da
Encarnação, Morte e Ressurreição do filho de Deus feito homem, sem deixar de
ser Deus que, acreditam os Cristãos, giram todos os demais acontecimentos
operados por Deus no passado e no futuro. Assim o círculo mítico, cíclico,
antigo, especialmente o dos gregos
foi substituído pela concepção linear cristã. Fica claro que para o seguidor de Cristo a salvação
não se realiza de um modo atemporal ou mítico, mas no tempo e no espaço. Essa
perspectiva criada por Deus desde toda a eternidade manifesta-se definitivamente
em Cristo e na sua Igreja à qual pertencemos.
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Estava sentindo falta dos textos de tua autoria. Gostei!!!
ResponderExcluirÀs vezes tb sinto falta de tempo.
ResponderExcluirHoje nossa comunidade vai a Campos do Jordão. É nosso dia de Retiro espiritual. Estamos a pouco mais de uma hora daquela cidade montanhosa. Precisa levar agasalhos contra o frio.
ResponderExcluirCampos do Jordao,um lugar apropriado para os bons momentos de reflexao e oracao.
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