O Muro de Berlim caiu no dia 9 de novembro de 1989 por causa de um anúncio, em parte improvisado, de um funcionário da Alemanha Oriental, Guenter Schabowski, que acreditou que poderia com isso salvar o regime comunista da República Democrática Alemã (RDA).
Eram sete da noite de 9 de novembro de 1989 quando Schabowski, porta-voz do comitê central do Partido Comunista da Alemanha Oriental (SED), anunciou à imprensa que seriam concedidos vistos "sem condições" para viajar ou emigrar para o exterior."Quando"?, perguntou um jornalista italiano. "Até onde sei, a partir de agora", respondeu Schabowski, depois de pensar por um momento e continuar com sua declaração - aparentemente improvisada - aos canais de televisão que transmitiam ao vivo.
Os correspondentes de imprensa correram para os telefones para anunciar que o muro havia caído, enquanto os berlinenses do leste deixavam suas casas e corriam para os postos de fronteira, cujos guardas, acuados, acabaram abrindo as barreiras.
"O dia 9 de novembro poderia ter terminado em um banho de sangue. Tivemos muita sorte", afirma Schabowski, hoje com 80 anos, lembrando que, na época, era um comunista engajado.
"Não fui um herói que estava abrindo a fronteira, na verdade eu estava tentando salvar a RDA. A abertura do muro não era humanitária, e sim uma decisão tática adotada sob pressão popular", destaca.
"A existência da RDA estava em jogo. Entre 300 e 500 pessoas fugiam por dia para o exterior. Tínhamos que fazer alguma coisa para recuperar a popularidade".
O decreto foi aprovado pelo governo na manhã de 9 de novembro. Schabowski, então, o colocou no bolso e saiu para preparar a entrevista coletiva com a missão de "fazer o anúncio o mais tarde possível para evitar perguntas", conta.
Schabowski foi expulso do partido em 1990 justamente por seu papel fundamental na queda do muro. Em 1997, foi condenado por cumplicidade na morte de ciudadãos da Alemanha Oriental, executados a tiros quando tentavam atravessar a fronteira.
Schabowski, que recebeu indulto em 2000, é um dos poucos altos dirigentes comunistas da RDA que se distanciou do regime e admitiu sua responsabilidade moral.
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