sábado, 17 de dezembro de 2011

4o DOMINGO DO ADVENTO. (Lc 1, 26 a 38)

Comentário do Evangelho

Maria, escolhida por Deus

A narrativa da anunciação do anjo a Maria é exclusiva do evangelho de Lucas. No evangelho de Mateus a comunicação do anjo é feita a José. O evangelho mais antigo, de Marcos, inicia-se com a pregação de João Batista e o batismo de Jesus. Lucas, por sua vez, em uma perspectiva retrospectiva, iniciará com o anúncio do nascimento de João a Zacarias e do nascimento de Jesus a Maria. João Batista e Jesus estão intimamente ligados no projeto de Deus. Lucas faz um paralelismo entre as origens dos dois. João, a partir da escolha do próprio nome pelo anjo, diferente do nome do pai, significa a ruptura com a tradição familiar sacerdotal e com o sistema religioso do judaísmo. Jesus, com sua prática nova que flui do amor, no Espírito Santo, confirmará esta ruptura com a tradição templária e legalista. Maria e José representam a periferia. Um operário de Nazaré, na Galiléia paganizada, apresenta na sua ascendência genealógica um ramo davídico. Porém a concepção de Jesus dar-se-á por obra do Espírito Santo, frustrando as expectativas messiânicas fundadas na tradição davídica elaborada por meio da profecia de Natan (cf. primeira leitura), o que exigirá amadurecimento dos discípulos para compreende-lo.
Em Maria, escolhida por Deus, encontramos a plenitude da dignidade, na humildade, na simplicidade, no serviço e no amor. Maria ouve a saudação do anjo: "Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo". A graça consiste nos dons de Deus. A presença do Senhor significa a força para cumprir uma missão que parece estar além das condições humanas. Está em andamento a revelação do mistério de Deus (segunda leitura). Maria, livremente e consciente de que pode confiar em Deus, dá sua inteira adesão ao Espírito que renova todas as coisas em Jesus. Pela encarnação, que já acontece a partir da concepção de Jesus no ventre de Maria, Deus nos dá a conhecer que homem e mulher, foram criados para participarem da sua vida divina e eterna. Em Jesus, que é a expressão histórica desta realidade revelada, encontramos esta íntima união entre o humano e o divino.

José Raimundo Oliva

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