HISTÓRIA DA IGREJA – III
P. Antenor.
Sisma na Igreja: uma Cristandade dividida
Um das primeiras iniciativas dos Cardeais reunidos em Fondi foi corregir a Carta sobre a eleição “livre” de Urbano VI. A expressão “livre”, segundo eles, significava que suas correspondências estavam sendo controladas.
Catarina de Sena, diante do Cisma, escreve «Vós que nos destes a verdade, quereis agora esperimentar a mentira. Selastes a regularidade da eleição de Urbano com a solenidade da coroação, com o respeito que manifestastes ao papa, com as graças que lhe pedistes (…) Sois uns mentirosos e idólatras»[1].
O cisma apoiou-se em dois fatos: Urbano continuou tendo seus seguidores (Alemanha, Inglaterra) e Clemente teve o apoio de várias nações, como a França. Acresce ainda que ele era parente das grandes familias europeias. Assim sendo, a Comunidade Ocidental dividiu-se e em duas correntes, mais ou menos iguais, cada uma obedecendo a um Papa diferente. A história da Igreja de Jesus é engraçada. Aquí vemos dois contendentes brigando para se apoderarem da Rocha de Pedro. Parece até que o fundador, por vezes, brinca com os homens para mostrar que eles não são de nada, se não estiverem apoiados na Pedra, Caminho, Verdade e Vida.
Tentativa de recurso à força
Alguns cismas tinham sido resolvidos pelas vias de fato, eliminando-se um dos dois rivais. Urbano e Clemente pensaram também nessa possibilidade, ambos arregimentando forças para o intento. Não se resolvendo a situação pelas armas, Urbano VI, preocuado com sua segurança, foge com sua Corte para Marselha e em seguida se refugia em Avinhão (20 de junho de 1379). Embora naquela cidade francesa o Papa tivesse condições de algum tipo de administração, o local não passava de uma residência temporária de alguém seguido pela metada da comunidade cristã ocidental e cujo desejo constante era retornar a Roma.
Em Nápoles, a rainha Joana levada pela pressão popular, havia se colocado ao lado de UrbanoVI. Contrariando seus súditos, em Julho de 1379, passa a apoiar Clemente VII. Dona de quatro matrimônios, mas sem filhos, adota um Clementino roxo, o Duque Luís de Angió, como herdeiro de seu reino. Angió então estava na França, por causa da morte do irmão Carlos V. Só em 1382 organiza uma expedição contra a Itália.
Não consegue resistir a Carlos de Durazzo, inimigo da rainha Joana e investido por Urbano VI como rei de Nápoles. As tropas de Carlos conquistam finalmente o reino napolitano, assassinando a rainha, fato corriqueiro naqueles tempos.
Rei vencido era rei morto.
[ Próxima reportagem: Duas dinastias e dois papas].
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