Postado por: homilia
maio 25th, 2012
O que mais atrai sobre nós a benevolência do Alto é a nossa solicitude com Jesus na pessoa do próximo. Foi por isso que Cristo exigiu de Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” A resposta de Pedro, por outro lado, não esconde sua satisfação e opção por Jesus. “E então responde: ‘Sim, Senhor, tu bem sabes que eu te amo’. E Jesus lhe diz: ‘Apascenta as minhas ovelhas’”.
Por que, deixando os outros apóstolos de lado, Jesus se dirige a Pedro? Porque Ele era o primeiro entre os apóstolos, o que falava em nome deles, o chefe do grupo, tanto que o próprio Paulo vem consultá-lo, um dia, e não os outros. Jesus se dirige a Pedro para demonstrar a ele que podia confiar plenamente e porque sua negação fora anulada. O Senhor lhe dá, agora, a primazia entre seus irmãos.
Cristo não menciona que Pedro o negou nem o envergonha com seu passado. “Se tu me amas – diz Ele – tome conta das minhas ovelhas que também são seus irmãos”, ou seja, permaneça a frente deles e dê provas, agora, daquele amor apaixonado que sempre demonstrou por mim com tanta alegria. A vida, que dizia estar pronto a dar, em meu favor, eu quero que a dê pelas minhas ovelhas.
Essa exigência é feita também a nós, meus irmãos. Se amamos Deus, devemos manifestar este amor ao nosso próximo.
Interrogado uma primeira vez e depois uma segunda, Pedro apela para o testemunho d’Aquele que conhece o segredo dos corações. Interrogado uma terceira vez, ele se perturbou e o temor o dominou. Lembre-se de que, outrora, ele fez afirmações solenes que os acontecimentos haviam desmentido. E é por isso que procura, agora, apoiar-se em Jesus: “O Senhor sabe tudo e sabe que eu o amo!”
É como se Pedro dissesse: “Senhor, Tu conheces tudo! Conheces tanto o presente quanto o futuro”. Veja como Pedro se tornou melhor e mais humilde, como perdeu sua arrogância e seu espírito de contradição! Perturbou-se ao pensamento de que podia ter a impressão de amar sem amar realmente. “Tanto estava seguro de mim mesmo no passado – pensa ele – como agora me sinto confuso”.
Jesus o interroga três vezes e três vezes lhe dá a mesma ordem: “Apascenta as minhas ovelhas”. Demonstra, assim, o apreço que tem pelo cuidado de Suas ovelhas, pois faz de tal cuidado Sua maior prova de amor.
Depois de ter falado a Pedro deste amor, Jesus prediz o martírio que lhe está destinado. Manifesta, desse modo, toda a confiança que deposita nele. Para nos dar um exemplo de amor e mostrar a melhor forma de amar, diz Ele: “Quando você era moço, você se aprontava e ia para onde queria. Mas eu afirmo a você que isto é verdade: quando for velho, você estenderá as mãos, alguém vai amarrá-las e o levará para onde você não vai querer ir”.
Era, aliás, o que Pedro tinha querido e desejado outrora. Por isso é que Jesus lhe fala assim. Pedro dissera, com efeito: “Eu darei a minha vida por ti!” (Jo 13,37). E também: “Ainda que eu tenha de morrer contigo, não te negarei!” (Mt 26,35; Mc 14,31). Jesus consente o seu desejo. Fala-lhe desse modo não para amedrontá-lo, mas para reanimar seu ardor. Conhece seu amor e sua impetuosidade. Pode anunciar-lhe o gênero de morte que lhe reserva no futuro.
Pedro sempre desejara enfrentar perigos por Cristo. “Tem confiança, diz Jesus, teus desejos serão satisfeitos. O que não suportaste em tua mocidade suportarás na velhice”. E, para nos chamar a atenção, São João acrescenta: “Jesus disse isso para dar a entender com que morte Pedro iria glorificar a Deus”. E esta Palavra nos ensina que nossa honra e glória está em dar a vida por Cristo em nossos irmãos e irmãs.
Pai, torna cada vez mais consistente o meu amor por Seu Filho Jesus na pessoa de todos aqueles que estão privados da sua dignidade em ser criado à Sua imagem e semelhança. Confirma a minha condição de discípulo e missionário do Seu Filho para que, no poder e na força do Espírito Santo, todos tenham vida e a tenham em plenitude. Amém.
Padre Bantu Mendonça
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