Familia e Vida
Católicos: favoráveis à homofobia?
Análise feita pelo especialista em Bioética, Pe. Hélio Luciano
ROMA, sexta-feira, 8 de Junho de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir um artigo de reflexão do nosso colaborador
especialista em Bioética, Pe. Hélio Luciano, membro da comissão de bioética da
CNBB.
***
É já ideia comum entre os não-católicos – e
infelizmente entre muitos católicos também – pensar que nós, católicos, somos homofóbicos.
Nada mais equivocado. Atitudes de violência física ou moral, ridicularizações –
ou o famoso bullyng, que agora está de moda – são tão contrários à
doutrina católica como qualquer outro pecado contra a caridade. Sendo assim –
repito para deixar bem claro – não somos e jamais seremos homofóbicos se
queremos seguir a Cristo.
Ao mesmo tempo somos também contrários aos
atuais projetos de lei propostos e já citados. Por sermos homofóbicos?
Não. Mas por diversas outras razões. A primeira delas é por ser um projeto
legislativamente desnecessário. Contra a violência – seja física ou moral – e
contra a discriminação, já existem leis às quais as pessoas que se sintam
injustiçadas podem recorrer. Não é necessário criar uma nova lei, mas sim fazer
que as leis já existentes se apliquem de fato. Porque estamos vivendo em uma tendência
de multiplicar leis que já existem?
Em segundo lugar, a lei apresentada é contrária
à liberdade de expressão e à liberdade religiosa. É verdade que a liberdade de
expressão não é e não pode ser absoluta – por exemplo, ninguém nunca pode
incitar à violência recorrendo à liberdade de expressão. Mas também é verdade
que, com a nova lei, os limites do que poderá ser interpretado como agressão ou
não-agressão – do ponto de vista moral – serão muito frágeis. Se um pastor
protestante ou um sacerdote católico lerem ou pregarem sobre a 1ª Carta de São
Paulo aos Corintios – Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os
adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os
avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os ladrões herdarão o reino
de Deus – não poderá alguém recorrer à “nova” lei por sentir-se agredido?
Se um sacerdote negar a comunhão a um “casal” homossexual, estes não poderiam
acusar ao sacerdote de “homofóbico”?
Queremos apenas a liberdade de poder afirmar
aquilo em que acreditamos. De poder dizer claramente, sem nenhuma pretensão de
ofender a ninguém, que uma pessoa que vive atos homossexuais está ofendendo a
Deus. De poder oferecer ajuda – somente àquelas pessoas que queiram e acreditem
que precisam ser ajudadas – a que vivam o amor de Deus em plenitude. Queremos
ser livres, sem ofender a ninguém, mas ser de fato livres para pensar.
Em um artigo escrito há aproximadamente dois
anos sobre este mesmo tema, fui acusado em um blog – por pessoas que não me
conhecem – de ser pedófilo, pederasta, homossexual, etc. Tudo isso pelo simples
fato de ser sacerdote. Como sabemos, a discriminação atual contra a Igreja e
contra os sacerdotes não são casos isolados – somos os únicos que não temos
mais direito à liberdade. Devemos criar então uma lei de “sacerdociofobia”
ou “eclesiofobia”por causa disso? Não. Por que então reivindicam que
para os grupos homossexuais é necessária uma lei específica?
**Pe. Hélio é graduado em filosofia e teologia
pela Universidade de Navarra, na Espanha, Mestrado em bioética pela mesma
Faculdade; Mestrando em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa
Cruz (PUSC), na Itália, doutorando em bioética pela Faculdade de Medicina do
Campus Biomedico di Roma (UNICAMPUS), na Itália e Membro da Comissão de
Bioética da CNBB. Concedeu uma entrevista à ZENIT no dia 18 de Abril, sobre o
tema As causas da Aprovação do Aborto do Brasil (Confira a entrevista
aqui: www.zenit.org/article-30101?l=portuguese).
Nenhum comentário:
Postar um comentário