No
tempo da Quaresma, a Igreja nos convida a viver em oração, penitência e
caridade. Hoje, Jesus vem nos ensinar como realizar um destes três pilares: a
oração.
Este
tempo é bastante propício para reiniciarmos ou darmos continuidade às nossas
orações, entretanto, elas não precisam ser proferidas em muitas e belas
palavras. Não importa quantas e quais palavras utilizemos em nossas orações,
Jesus nos garante no Evangelho: “Vosso Pai sabe do que precisais, muito
antes que vós o peçais”. Por isso, a forma mais simples e humilde de orar é
com o “Pai Nosso”.
Todos
conhecemos a oração do “Pai Nosso”, mas por conhecê-la muito bem, às vezes,
oramos sem meditar sobre o que estamos falando. Esta oração é muito bonita e
forte, mas de nada nos serve se for vazia de sentimento. Penso que este é o
principal ponto da oração, ela deve sair do coração, não importando se é apenas
uma frase: “meu Deus, eu O amo, tenha piedade de mim”.
Jesus
nos ensina a rezar. Ele diz que não precisamos usar palavras bonitas ou
difíceis, pois o Pai já sabe do que precisamos muito antes de abrirmos a boca
para Lhe pedir.
Então,
a nossa oração serve mais para nós do que para Deus? Veja que interessante:
quando oramos ao Senhor, estamos lembrando a nós mesmos de que é Ele quem está
no comando das nossas vidas. E é com essa segurança que “voamos” cada vez mais
alto e “saltamos” cada vez mais longe, pois sabemos que Ele não vai nos
desamparar.
Na
oração do “Pai Nosso” também pedimos o alimento de cada dia e o perdão das
nossas ofensas. Mas isso é algo do qual Deus só pode participar parcialmente,
pois precisamos fazer a nossa parte, ou seja, para podermos comer, precisamos
trabalhar, certo? Ou, pelo menos, alguém precisa.
Por
último, o Evangelho nos faz refletir sobre o perdão: “De fato, se vós
perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus
também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também
não perdoará as faltas que vós cometestes”.
O
texto nos remete a uma passagem de Mateus 18,23-35 que se aplica muito bem a
esses dois versículos. Na parábola, Jesus compara o Reino ao rei que perdoa a
enorme dívida do seu servo, mas este, ao sair da vista do patrão, agarra e
sufoca um de seus devedores, não lhe perdoando uma pequena dívida. Então, este
empregado que foi perdoado, mas não perdoou, deverá prestar contas ao rei por
sua maldade. Para poder ser perdoado, é preciso perdoar.
Quando
fazemos a oração do “Pai Nosso”, temos a oportunidade de nos lembrar de que
para poder corresponder a todos esses dons do nosso Pai do Céu precisamos sair
do nosso comodismo, trabalhar e perdoar a quem nos ofendeu; assim, nos
libertarmos de uma prisão que teimamos em construir em torno de nós mesmos.
Meus
irmãos, precisamos orar, assim como precisamos respirar. Pela oração constante
se estabelece com Deus profunda intimidade e, a partir dela, somos levados a
moções, ou seja, situações da nossa vida que nos levam para perto do Senhor,
aquilo que nos conduz a Ele, que nos faz amar mais, perdoar mais.
No
entanto, quando estamos mergulhados nos “ruídos interiores”, há o ardil:
situações que nos afastam de Deus e nos desvia de Seus caminhos. Mas persevere.
Não desista de rezar. Prostre-se diante de Deus e Ele colocará a certeza da
vitória em seu coração. Transforme esses ruídos interiores em perseverança, em
oração. Abra o coração, fale com o Senhor, seja insistente na oração, esteja
aberto a Sua vontade, aguarde a Providência Divina no momento certo da sua
vida.
Peça
ao Senhor a graça de descobrir as coisas que o abatem e não permitem que você
persevere. Se necessário, chame e grite: “Pai Nosso!”.
Padre Bantu
Mendonça
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