Sábado, 8 de janeiro de 2011
Tempo do Natal depois da Epifania, 2ª Semana do Saltério, Livro I, cor Branca
Hoje: Dia Nacional do Fotógrafo e dia da Fotografia
Leitura: I Carta de São João (1Jo 5, 14-21)
O filho de Deus veio e nos deu entendimento
Caríssimos, 14esta é a confiança que temos no Filho de Deus: se lhe pedimos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve. 15E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que lhe pedimos, sabemos que possuímos o que havíamos pedido.
16Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não conduz à morte, que ele reze, e Deus lhe dará a vida; isto, se, de fato, o pecado cometido não conduz à morte. Existe um pecado que conduz à morte, mas não é a respeito deste que eu digo que se deve rezar. 17Toda iniquidade é pecado, mas existe pecado que não conduz à morte. 18Sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca. Aquele que é gerado por Deus o guarda, e o maligno não o pode atingir. 19Nós sabemos que somos de Deus, ao passo que o mundo inteiro está sob o poder do maligno. 20Nós sabemos que veio o Filho de Deus e nos deu inteligência para conhecermos aquele que é o verdadeiro. E nós estamos com o verdadeiro, no seu Filho Jesus Cristo. Este é o Deus verdadeiro e a vida eterna. 21Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Palavra do Senhor!
Comentário da I Leitura
Ele nos ouve em tudo que lhe pedimos
Com seu convite à prece confiante (versículo 14), João acentua uma qualidade fundamental da oração: submeter nossa súplica ao beneplácito de Deus. A prece do cristão deve pedir sobretudo o perdão e a salvação dos pecadores (versículo 16). O Senhor quer; com efeito, "que o ímpio se converta de seu caminho e viva" (Ez 33,11). Totalmente inútil pedir "para o pecado que leva à morte" (versículo 16), próprio daquele que, conhecida a luz, prefere as trevas, rejeita a verdade, obstina-se no mal. É o pecado contra o Espírito Santo, de que fala Jesus, "que não terá perdão eternamente" (Mc 3,29). A referência ao pecado evoca no apóstolo a feliz realidade, o autêntico privilégio do cristão de "não pecar", porque "nascido de Deus" (versículo 18), com a condição de ser fiel à sua vocação, fugindo do mundo que "está sob o poder do maligno" (versículo 19). [MISSAL COTIDIANO, Paulus, 1997]
Salmo: 149, 1-2.3-4.5 e 6a e 9b (R/.4a)
O Senhor ama seu povo, de verdade
1Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o seu louvor na assembleia dos fiéis! 2Alegre-se Israel em quem o fez, e Sião se rejubile no seu rei!
3Com danças glorifiquem o seu nome, toquem harpa e tambor em sua honra! 4Porque, de fato, o Senhor ama seu povo e coroa com vitória os seus humildes.
5Exultem os fiéis por sua glória, e cantando se levantem de seus leitos, 6acom louvores do Senhor em sua boca. 9bEis a glória para todos os seus santos.
Este salmo é um hino, uma espécie de liturgia da realiza de Deus, daí o ar guerreiro que apresenta
Evangelho: João (Jo 3, 22-30)
Importa que ele cresça e que eu diminua
Naquele tempo, 22Jesus foi com seus discípulos para a região da Judéia. Permaneceu aí com eles e batizava. 23Também João estava batizando, em Enon, perto de Salim, onde havia muita água. Aí chegavam as pessoas e eram batizadas. 24João ainda não tinha sido posto no cárcere.
25Alguns discípulos de João estavam discutindo com um judeu a respeito da purificação. 26Foram a João e disseram: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão e do qual tu deste testemunho, agora está batizando e todos vão a ele". 27João respondeu: "Ninguém pode receber alguma coisa, se não lhe for dada do céu. 28Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu disse: 'Eu não sou o messias, mas fui enviado na frente dele'. 29É o noivo que recebe a noiva, mas o amigo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria ao ouvir a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela é completa. 30É necessário que ele cresça e eu diminua". Palavra da Salvação!
Comentário o evangelho
O auge da alegria
João Batista comportou-se de maneira exemplar diante do Messias Jesus, cujo ministério estava iniciando. Tratava-se de dar por encerrada sua missão de precursor, e retirar-se de cena, abrindo espaço para o Cristo. O texto evangélico expressa a consciência do Batista. Ele reconhecia que recebera de Deus a missão de preparar os caminhos do Messias. Portanto, não dependeu de sua iniciativa pessoal, nem resultou de mera intuição humana. Assim, uma vez cumprida a tarefa recebida, só lhe restava colocar-se, humildemente, no seu lugar, sem incorrer na tentação de competir com o Messias.
Quem escutara João, podia testemunhar em seu favor. Jamais ele afirmara ser o Cristo. Sua consciência de precursor impedia-o de confundir os papéis. Simplesmente fora mandado para precedê-lo. Nada mais! Ter-se-ia equivocado se tivesse feito as atenções confluírem para si. Ele era um simples instrumento de que Deus se servia para conclamar e preparar as pessoas para a chegada do Messias. Daí seu contentamento por saber que Jesus dera início a seu ministério. Como uma esposa alegra-se com a chegada do esposo, ele havia atingido o auge da felicidade! (O EVANGELHO DO DIA, Ano “A”. Jaldemir Vitório. ©Paulinas, 1997)
Oração da assembleia (Liturgia Diária, Paulus)
Senhor, fazei resplandecer na Igreja a pobreza evangélica: Vinde em nosso auxílio, Senhor.
Concedei a todas as pessoas a liberdade e a paz.
Conduzi todos os povos pelo caminho da salvação.
Iluminai nossos caminhos com o nascimento do vosso Filho.
Sede a luz dos cegos e a consolação dos tristes.
(Outras intenções)
Oração sobre as Oferendas:
Concedei, ó Deus todo-poderoso, fonte da verdadeira piedade e da paz, que vos honremos dignamente com estes dons e, pela participação nestes mistérios, reforcemos os laços que nos unem. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão:
Da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça (Jo 1, 16)
Depois da Comunhão:
Ó Deus, que o vosso povo, sustentado com tantas graças, possa receber hoje e sempre os dons do vosso amor para que, confortado pelos bens transitórios, busque mais confiantemente os bens eternos. Por Cristo, nosso Senhor.
São Severino
Severino viveu em pleno século V, quando o Ocidente era acometido por uma sequencia de invasões dos godos, visigodos, ostrogodos, vândalos, burgúndios, enfim, de toda uma horda de bárbaros pagãos que pretendiam dominar o mundo. É nesse contexto de conflitos políticos e sociais que sua obra deve ser vista, porque esse foi justamente o motivo que a tornou ainda mais valorizada. Durante essas sucessivas guerras, as vítimas da violência achavam abrigo somente junto aos representantes da Igreja onde encontramos Severino como um evangelizador cristão dos mais destacados e atuantes.
É muito fácil seguir os passos de Severino nesta trilha de destruição. Em 454, estava nos confins da Nórica e da Pomonia onde, estabelecido às margens do rio Danúbio, na Áustria, além de acolher a população ameaçada usava o local como ponto estratégico para pregar entre os bárbaros pagãos. Já no ano seguinte estava em Melk e no mesmo ano em Ostembur, onde se fixou numa choupana para se entregar também à penitência.
Esse seu ministério apostólico itinerante frutificou em várias cidades, com a fundação de inúmeros mosteiros. Como possuía o dom da profecia, avisou com antecedência várias comunidades sobre sua futura destruição, acertando as datas com exatidão. Temos, por exemplo, o caso dos habitantes de Asturis, aos quais profetizou a morte pelas mãos de Átila, o rei dos hunos que habitavam a Hungria. O povo além de não lhe dar ouvidos considerou o fato com ironia e gozação, mas tombou logo depois de Severino ter deixado o local. Sim, a cidade foi destruída e todos os habitantes assassinados.
Dali ele partiu para Comagaris e, sem o menor receio de perder a vida, chegou até Comagene, já dominada pelos dos inimigos. Lá, acolheu e socorreu os aflitos, ganhando o respeito inclusive dos próprios invasores, a começar pelos chefes dos guerreiros. Sua história registra também incontáveis prodígios e graças operadas na humildade e na pobreza constantes.
Severino predisse até a data exata da própria morte, avisando também sobre a futura expulsão de sua Ordem da região do Danúbio. Morreu no dia 08 de janeiro de 482 pronunciando a última frase do último salmo da Bíblia , (o 150): "Todo ser que tem vida, a deve ao Senhor".
Segundo o seu biógrafo e discípulo Eugípio, Santo Severino teria nascido no ano 410, na capital do mundo de então, ou seja na cidade de Roma e pertencia a uma família nobre e rica. Era um homem de fino trato, que falava o latim com perfeição, profundamente humilde, pobre e caridoso. Também possuía os dons do conselho, da profecia e da cura, os quais garantiu e manteve até o final de sua vida graças às longas penitências e preces que fazia ao Santíssimo Espírito Santo e ao cumprimento estrito dos votos feitos ao seguir a vocação sacerdotal.
Especialmente venerado na Áustria e Alemanha, hoje, a urna mortuária de Santo Severino se encontra na igreja dos beneditinos em Nápoles, na Itália. (www.paulinas.org.br)
Afinal, para que serve a religião?
Dom Redovino Rizzardo, Bispo de Dourados (MS)
Não sei se por convicção ou preconceito, há pessoas que afirmam, alto e bom som, que a religião para nada serve. E provam suas palavras lembrando que não só é grande o número de presos e de corruptos que se declaram cristãos e de casais “praticantes” que partem para o divórcio, mas até mesmo de países que não evoluem... porque dominados pela religião.
Para saber o que há de verdade nisso tudo, alguns órgãos de informação, sobretudo nos Estados Unidos, promovem pesquisas de opinião pública, acreditando imprimir aos dados coletados um caráter científico.
Foi o que fez a revista “Proceedings of the National Acedemy of Sciences”. Após entrevistar 450.000 pessoas, chegou à conclusão que, para alcançar a felicidade, o primeiro passo a fazer é ter uma religião. O dinheiro só aparece em segundo lugar, e se traduz num salário mensal de, pelo menos, R$ 6.800,00.
A revista detectou outros cinco focos de felicidade. Ei-los, em ordem decrescente: não ser jovem (com o passar dos anos, aprende-se a lidar com as dificuldades); ser casado (a solidão mata); ter plano de saúde (a saúde pública é um caos); ter filhos (eles mantêm os pais unidos e jovens); ter curso superior (no ganha-pão, a competição é grande).
Se, para um considerável número de norte-americanos, a realização humana depende, em primeiro lugar, da religião, outra pesquisa, efetuada pela Gallup em 114 nações, vai numa direção contrária. Para ela, a religiosidade da população parece atravancar o seu desenvolvimento econômico.
Os motivos sugeridos, ou entrevistos, são inúmeros e diversificados. Alguns deles são positivos: a religião faz com que seus adeptos não coloquem o dinheiro acima de valores essenciais, como é a saúde, a educação, a solidariedade, a acolhida e a partilha. Quem tem fé se mantém alegre e esperançoso porque confia em Deus e sua riqueza é a vida eterna. Para ele, o fim não justifica os meios. Por isso, a ética deve sempre prevalecer, para que as transações comerciais e os acordos internacionais não se transformem em conchavos de quem pode mais chora menos. Evidentemente, tudo isso, conduz a um desenvolvimento mais qualitativo do que quantitativo.
Mas há também razões negativas, que fazem com que a religião dificulte a promoção humana, social e econômica dos povos. Uma delas é o fatalismo. Se tudo o que acontece é vontade de Deus, inclusive as injustiças, então o melhor é conformar-se: “Fazer o quê? Deus quer assim!»... Outra é a superficialidade com que se vive a fé: recorre-se a Deus somente nos momentos de conflito, em busca da solução de problemas. Assim, à medida que o progresso avança, descobrindo perspectivas jamais imaginadas, a religião vai perdendo o seu lugar e a sua função. Pior ainda é o que verifica em países onde, por motivos religiosos, se discriminam as mulheres e se promovem “guerras santas”...
Para ser fator de realização pessoal e social, a religião precisa ser bem entendida e melhor ainda assumida. O cristão não é alguém que proclama: “Salva a tua alma e o resto que vá para os quintos do inferno!” Não! Exatamente porque ama a Deus, ele se coloca a serviço do projeto que o levou a criar o mundo.
Por isso, se uma religião esconde em seu seio malandros e corruptos ou se mantém os povos no subdesenvolvimento social e econômico, ela precisa ser substituída por outra, digna de Deus e da pessoa humana. É o que lembrava o Concílio Vaticano II, em 1965: “A esperança de novos céus e nova terra, longe de atenuar, deve impulsionar a solicitude pelo aperfeiçoamento dessa terra. Por isso, ainda que o progresso terreno deva ser cuidadosamente distinguido do crescimento do Reino de Cristo, contudo é de grande interesse para o Reino de Deus, na medida em que pode contribuir para organizar a sociedade humana”.
Na mesma linha se pronunciaram os bispos latino-americanos em sua Assembleia de Aparecida, em 2007: “O fato de ser discípulos e missionários de Jesus Cristo nos leva a assumir evangelicamente, e a partir da perspectiva do Reino, as tarefas prioritárias que contribuem para a dignificação do ser humano e a trabalhar junto com os demais cidadãos e instituições para o bem da humanidade”.
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