sábado, 2 de julho de 2011

Trinta anos de AIDS: dados e estratégias


Divulgado um informe com o que é preciso saber sobre a doença
BUENOS AIRES, terça-feira, 28 de junho de 2011 (ZENIT.org) - Por ocasião dos 30 anos da descoberta da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), o médico Martín Patrito, da Associação Argentinos Alerta, revisou três documentos que contêm estatísticas valiosas sobre o avanço da doença no âmbito mundial.
Os documentos são: “Trinta anos de AIDS: as nações em um ponto chave do caminho”, do programa conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (UNAIDS); “Estratégia nacional do HIV/AIDS para os Estados Unidos”, 13 de julho de 2010; e a Recomendação 1959 da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa sobre políticas preventivas de saúde dos estados membros do Conselho da Europa.
A associação, em seu site, apresenta as estatísticas mais importantes destes documentos sobre o avanço da doença no âmbito mundial, especialmente no continente americano.
Da mesma forma, realiza uma análise crítica sobre as recomendações para a prevenção da doença nestes documentos e compara tais recomendações com as do programa nacional de luta contra a AIDS, do Ministério de Saúde da Argentina.
O primeiro caso de AIDS foi detectado em 5 de junho de 1981. Os primeiros sinais da doença se deram principalmente em países de altos ingressos, onde os novos casos aumentaram de maneira significativa no início dos anos 80. Na verdade, o HIV estava se difundindo de maneira inadvertida durante décadas, especialmente na África Subsaariana.
Entre 1981 e 2000, o número de pessoas que vivem com o HIV aumentou de menos de 1 milhão a cerca de 27,5 milhões. Em 2010, havia 34 milhões de pessoas infectadas com o HIV. Em 2005, a cifra pareceu estabilizar-se, mas, nos últimos anos, o número continuou crescendo. Em 2009, foram infectadas 2,6 milhões de pessoas no mundo. UNAIDS informa que, entre 1970 e 2009, a AIDS provocou 29 milhões de mortes.
Enquanto pelo menos 1% dos adultos no sul da África viviam com o HIV em 1990, 16,1% passaram a viver com o vírus uma década depois. Durante o mesmo período, a prevalência (porcentagem do total da população afetada) do HIV aumentou de menos de 1% a 24,5% em Lesotho e de 3,5% a 26% em Botswana.
O presidente da Uganda,Yoweri Musevini, deu início a uma mobilização nacional de grande escala contra o HIV, promovendo políticas e programas baseados em mudanças de comportamento que permitiriam que a Uganda reduzisse o tamanho da epidemia durante os anos 90, ainda quando se expandia rapidamente em outros países subsaarianos.
A novidade da campanha foi que, longe de apostar no preservativo de forma exclusiva, a política sanitária e educativa se baseou na promoção da abstinência sexual, na fidelidade dentro do casamento e na castidade, especialmente entre os mais jovens.
No continente americano, há pouco mais de um milhão de infectados, mas o número continua crescendo. Desde o início da epidemia até 2008, foram notificados 75.009 casos de HIV na Argentina. Estima-se que hoje haja 130 mil pessoas infectadas, das quais somente a metade conhece sua condição, o que supõe um risco adicional.
Nos últimos anos, a curva epidemiológica de novas infecções tem sido constante: cada ano, o Ministério da Saúde argentino recebe notificações de cerca de 5 mil novos diagnósticos de infecção pelo HIV. Em 2008, a taxa anual de infecção pelo vírus se situou em um valor de 13 pessoas por cada 100 mil habitantes.
A epidemia continua afetando principalmente os grandes conglomerados urbanos, em todas as capitais do país. Em Buenos Aires, registram-se 23,2 infecções por cada 100 mil habitantes; em Mar del Plata, 27,5 infecções por cada 100 mil habitantes. Entre 2007 e 2009, 40% dos novos diagnósticos continuavam afetando os residentes de Buenos Aires e o conurbano bonaerense. Tomando como unidade de análise as jurisdições provinciais, 70% da epidemia se concentra na província e cidade de Buenos Aires, em Santa Fe e em Córdoba.
A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa aprovou, no último dia 28 de janeiro, a Recomendação 1959, intitulada “Políticas de cuidados preventivos de saúde nos estados-membros do Conselho da Europa”, na qual recolhe até 25 diretivas para proteger a saúde dos europeus e convida a que todos os governos do continente a adotem. O ponto 9.5 afirma: “Promover uma educação sexual integral da saúde, incluída a abstinência, para prevenir a propagação de doenças sexualmente transmissíveis”.
Certamente, em todos os casos se recomenda também o uso do preservativo. Mas o documento da estratégia nacional de luta contra a AIDS, aprovado pela Administração Obama, afirma, na página 16, que “o uso correto e consistente do preservativo masculino reduz o risco de transmissão do HIV em 80%”.
“Ninguém pegaria um avião se lhe dissessem que apenas 80% dos aviões chegam ao seu destino. O risco é altíssimo. Por isso, sustentamos que as campanhas de 'sexo seguro' baseadas no preservativo só geram um clima de falsa confiança”, afirma o Dr. Patrito.
“O fato de que, pelo menos no papel, já se comece a falar sobre a necessidade de mudanças de conduta, de fidelidade, de abstinência, certamente é um avanço. No entanto, os líderes da saúde pública ainda continuam evitando enfatizar as mudanças de conduta acima das 'soluções técnicas', como a distribuição massiva de preservativos”, acrescenta.
Com uma eficácia de apenas 80%, o preservativo gera uma sensação de falsa segurança, que leva ao aumento dos encontros sexuais e à promiscuidade. Neste contexto, as infecções pelo HIV continuarão aumentando.
“Os programas de prevenção não devem se centrar em tentar convencer o mundo de que um comportamento de risco faz parte de um estilo de vida aceitável, mas sim em evitar o risco. O único método seguro e fiável de prevenir a transmissão sexual do HIV é a abstinência antes do casamento e o respeito e a fidelidade mútua dentro dele”, afirma o médico argentino.
Em definitivo, como declarou a delegação do Vaticano frente à declaração política da ONU sobre o HIV/AIDS, “o que se faz necessário é um enfoque baseado nos valores para enfrentar a doença do HIV/AIDS, um enfoque que proporciona os cuidados necessários e o apoio moral aos afetados, bem como a promoção de uma vida conforme as normas da ordem moral natural, um enfoque que respeite totalmente a dignidade inerente da pessoa humana

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