O Papa e a Jornada Mundial da Juventude
Por Dom Orani João Tempesta
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 26 de agosto de 2011 (ZENIT.org) – Entre os dias 16 e 21 de agosto, aconteceu em Madrid, Espanha, a 26ª. Jornada Mundial da Juventude, com o tema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”. Como de costume, a Jornada Mundial da Juventude de Madrid contou com a presença e presidência oficial de Sua Santidade o Papa Bento XVI. O encontro, que se realiza a cada dois ou três anos, em diferentes partes do mundo, foi idealizado pelo Beato João Paulo II, no seu pontificado, e objetiva “partilhar com toda a Igreja a esperança de muitos jovens que querem comprometer-se com Jesus Cristo e com os irmãos, buscando um mundo melhor através da experiência Cristã”. Na JMJ de 2011, os momentos fortes, presididos pelo Santo Padre Bento XVI, foram:
Na sexta-feira, dia 19, o Santo Padre reuniu-se, no evocativo Pátio dos Reis, em El Estoril, com um expressivo número de jovens religiosas. Bento XVI começou afirmando que “cada carisma é uma palavra evangélica que o Espírito Santo recorda à sua Igreja”. Desse modo, viver no seguimento de Cristo casto, pobre e obediente é uma “exegese” viva da Palavra de Deus. Ao recordar que o encontro pessoal com Cristo, que alimenta sua consagração, deve se revelar em suas vidas, o Papa ressaltou que ele adquire uma especial relevância hoje, se constata uma espécie de “eclipse de Deus”, uma certa amnésia, e até mesmo uma “verdadeira rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida”. Portanto, concluiu o pontífice, diante do relativismo e da mediocridade surge a necessidade desta radicalidade que testemunha a consagração como uma pertença a Deus.
Na manhã do mesmo dia 19, agora na Basílica de São Lourenço, Bento XVI realizou um encontro com os jovens professores universitários, com quem falou sobre a missão do professor universitário, que deve se voltar para a busca da verdade. “A universidade foi e deve continuar sendo a casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana”, disse o papa. “Por isso, encarecidamente vos exorto a não perderdes jamais tal sensibilidade e encanto pela verdade, a não esquecerdes que o ensino não é uma simples transmissão de conteúdos, mas uma formação de jovens a quem deveis compreender e amar, em quem deveis suscitar aquela sede de verdade que possuem no mais fundo de si mesmos e aquele anseio de superação. Sede para eles estímulo e fortaleza”, exortou Sua Santidade;
Segundo o Cardeal Rouco Varela, Arcebispo de Madrid, um dos momentos mais emocionantes para o Santo Padre, nessa JMJ, foi a meditação da Via-Sacra com os jovens. Reunidos na Praça Cibeles, no dia 19 de agosto, precedidos pela emblemática cruz da Jornada Mundial, os jovens puderam meditar os passos da paixão de Cristo e ouvir a mensagem de Bento XVI, que os acompanhou em todo o ato. A Via Sacra evocou os sofrimentos de jovens de várias partes do mundo – guerras, conflitos fratricidas, perseguições por causa da fé, marginalização, tóxica-dependência, aborto, terrorismo, catástrofes naturais. “Que o amor de Cristo por nós aumente a vossa alegria e vos anime a permanecer junto dos menos favorecidos. Vós que sois tão sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, não passeis ao largo quando virdes o sofrimento humano, pois é aí que Deus vos espera para dardes o melhor de vós mesmos: a vossa capacidade de amar e de vos compadecerdes. As diversas formas de sofrimento, que foram desfilando diante dos nossos olhos ao longo da Via-Sacra, são apelos do Senhor para edificarmos as nossas vidas seguindo os seus passos e para nos tornarmos sinais do seu conforto e salvação”, afirmou o Papa.
No dia 22 de agosto, o Santo Padre realizou uma visita à Fundação Instituto São José, em Madrid, que acolhe jovens deficientes. Bento XVI se confraternizou afetuosamente com esses jovens, muitas vezes marginalizados e ignorados, dirigindo-lhes uma expressiva saudação. "A nossa sociedade – aonde demasiadas vezes se põe em dúvida a dignidade inestimável da vida, de cada vida – precisa de vós: vós contribuís decididamente para edificar a civilização do amor. Mais ainda, sois protagonistas desta civilização”, afirmou. Segundo o Papa, "a juventude é a idade em que a vida se revela à pessoa em toda a riqueza e plenitude das suas potencialidades, incitando à busca de metas mais altas, que deem sentido à mesma". Para ele, o sofrimento na vida dos jovens expressa a grandeza a que é chamado o homem: compadecer-se e acompanhar quem sofre. O Papa explicou que "quem leva a dor e o sofrimento na própria vida é 'protagonista' da cultura do amor na sociedade que não consegue aceitar o sofrimento".
Ainda que o mau tempo e a tempestade repentina tenham impedido o Papa de pronunciar a totalidade de sua alocução aos jovens, a Vigília de Oração no aeródromo de Cuatro Vientos foi, sem dúvida, um ponto alto da Jornada Mundial da Juventude, devido à sua intensa carga de espírito de resistência e oração.
Ainda que expostos o dia todo ao forte calor que fazia e depois a uma intensa ventania, seguida de chuva, os jovens permaneceram firmes, participando de cada momento da vigília. O próprio Santo Padre, diante da resistência dos jovens, mesmo tomando chuva e instado a retirar-se, devido à sua idade avançada, decidiu por ficar. Foram momentos de intensa oração e silêncio, sobretudo durante a adoração ao Santíssimo Sacramento. Depois de vários minutos sob a chuva, quando diminuiu um pouco, o Papa se dirigiu aos peregrinos, que não se deixaram desanimar, com um "jovens, obrigado por sua alegria". "Obrigado por sua resistência! A força de vocês é maior do que a chuva!", acrescentou. "O Senhor, com a chuva, nos envia muitas bênçãos. Também nisso vocês são um exemplo".
Ao final da Missa de Encerramento, no domingo, Bento XVI anunciou o Rio de Janeiro como sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013. “Peçamos ao Senhor, desde já, que assista com a sua força quantos hão de pô-la em marcha, e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira”, disse Bento XVI.
Cremos que é muito importante estarmos enraizados em Cristo, firmes na fé, como disse o Santo Padre, ainda mais que esta JMJ e os pronunciamentos pontifícios nos animaram, sobremaneira, a receber, em julho de 2013, no Rio de Janeiro, o Santo Padre Bento XVI.
Na quarta-feira passada, dia 24, o Papa Bento XVI, em sua alocução em Castelgandolfo, anunciou o tema da Jornada Mundial em 2013 no Rio de Janeiro: “Ide e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28, 19a). A Jornada do próximo ano (2012), que acontece nas Dioceses, terá o tema “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4, 4a).
Que São Sebastião nos inspire a nos preparar com a mesma unção do povo espanhol para receber o Vigário de Cristo em nossas terras, e que a nossa juventude se sinta enamorada de Cristo!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist., é arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 26 de agosto de 2011 (ZENIT.org) – Entre os dias 16 e 21 de agosto, aconteceu em Madrid, Espanha, a 26ª. Jornada Mundial da Juventude, com o tema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”. Como de costume, a Jornada Mundial da Juventude de Madrid contou com a presença e presidência oficial de Sua Santidade o Papa Bento XVI. O encontro, que se realiza a cada dois ou três anos, em diferentes partes do mundo, foi idealizado pelo Beato João Paulo II, no seu pontificado, e objetiva “partilhar com toda a Igreja a esperança de muitos jovens que querem comprometer-se com Jesus Cristo e com os irmãos, buscando um mundo melhor através da experiência Cristã”. Na JMJ de 2011, os momentos fortes, presididos pelo Santo Padre Bento XVI, foram:
Na sexta-feira, dia 19, o Santo Padre reuniu-se, no evocativo Pátio dos Reis, em El Estoril, com um expressivo número de jovens religiosas. Bento XVI começou afirmando que “cada carisma é uma palavra evangélica que o Espírito Santo recorda à sua Igreja”. Desse modo, viver no seguimento de Cristo casto, pobre e obediente é uma “exegese” viva da Palavra de Deus. Ao recordar que o encontro pessoal com Cristo, que alimenta sua consagração, deve se revelar em suas vidas, o Papa ressaltou que ele adquire uma especial relevância hoje, se constata uma espécie de “eclipse de Deus”, uma certa amnésia, e até mesmo uma “verdadeira rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida”. Portanto, concluiu o pontífice, diante do relativismo e da mediocridade surge a necessidade desta radicalidade que testemunha a consagração como uma pertença a Deus.
Na manhã do mesmo dia 19, agora na Basílica de São Lourenço, Bento XVI realizou um encontro com os jovens professores universitários, com quem falou sobre a missão do professor universitário, que deve se voltar para a busca da verdade. “A universidade foi e deve continuar sendo a casa onde se busca a verdade própria da pessoa humana”, disse o papa. “Por isso, encarecidamente vos exorto a não perderdes jamais tal sensibilidade e encanto pela verdade, a não esquecerdes que o ensino não é uma simples transmissão de conteúdos, mas uma formação de jovens a quem deveis compreender e amar, em quem deveis suscitar aquela sede de verdade que possuem no mais fundo de si mesmos e aquele anseio de superação. Sede para eles estímulo e fortaleza”, exortou Sua Santidade;
Segundo o Cardeal Rouco Varela, Arcebispo de Madrid, um dos momentos mais emocionantes para o Santo Padre, nessa JMJ, foi a meditação da Via-Sacra com os jovens. Reunidos na Praça Cibeles, no dia 19 de agosto, precedidos pela emblemática cruz da Jornada Mundial, os jovens puderam meditar os passos da paixão de Cristo e ouvir a mensagem de Bento XVI, que os acompanhou em todo o ato. A Via Sacra evocou os sofrimentos de jovens de várias partes do mundo – guerras, conflitos fratricidas, perseguições por causa da fé, marginalização, tóxica-dependência, aborto, terrorismo, catástrofes naturais. “Que o amor de Cristo por nós aumente a vossa alegria e vos anime a permanecer junto dos menos favorecidos. Vós que sois tão sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, não passeis ao largo quando virdes o sofrimento humano, pois é aí que Deus vos espera para dardes o melhor de vós mesmos: a vossa capacidade de amar e de vos compadecerdes. As diversas formas de sofrimento, que foram desfilando diante dos nossos olhos ao longo da Via-Sacra, são apelos do Senhor para edificarmos as nossas vidas seguindo os seus passos e para nos tornarmos sinais do seu conforto e salvação”, afirmou o Papa.
No dia 22 de agosto, o Santo Padre realizou uma visita à Fundação Instituto São José, em Madrid, que acolhe jovens deficientes. Bento XVI se confraternizou afetuosamente com esses jovens, muitas vezes marginalizados e ignorados, dirigindo-lhes uma expressiva saudação. "A nossa sociedade – aonde demasiadas vezes se põe em dúvida a dignidade inestimável da vida, de cada vida – precisa de vós: vós contribuís decididamente para edificar a civilização do amor. Mais ainda, sois protagonistas desta civilização”, afirmou. Segundo o Papa, "a juventude é a idade em que a vida se revela à pessoa em toda a riqueza e plenitude das suas potencialidades, incitando à busca de metas mais altas, que deem sentido à mesma". Para ele, o sofrimento na vida dos jovens expressa a grandeza a que é chamado o homem: compadecer-se e acompanhar quem sofre. O Papa explicou que "quem leva a dor e o sofrimento na própria vida é 'protagonista' da cultura do amor na sociedade que não consegue aceitar o sofrimento".
Ainda que o mau tempo e a tempestade repentina tenham impedido o Papa de pronunciar a totalidade de sua alocução aos jovens, a Vigília de Oração no aeródromo de Cuatro Vientos foi, sem dúvida, um ponto alto da Jornada Mundial da Juventude, devido à sua intensa carga de espírito de resistência e oração.
Ainda que expostos o dia todo ao forte calor que fazia e depois a uma intensa ventania, seguida de chuva, os jovens permaneceram firmes, participando de cada momento da vigília. O próprio Santo Padre, diante da resistência dos jovens, mesmo tomando chuva e instado a retirar-se, devido à sua idade avançada, decidiu por ficar. Foram momentos de intensa oração e silêncio, sobretudo durante a adoração ao Santíssimo Sacramento. Depois de vários minutos sob a chuva, quando diminuiu um pouco, o Papa se dirigiu aos peregrinos, que não se deixaram desanimar, com um "jovens, obrigado por sua alegria". "Obrigado por sua resistência! A força de vocês é maior do que a chuva!", acrescentou. "O Senhor, com a chuva, nos envia muitas bênçãos. Também nisso vocês são um exemplo".
Ao final da Missa de Encerramento, no domingo, Bento XVI anunciou o Rio de Janeiro como sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013. “Peçamos ao Senhor, desde já, que assista com a sua força quantos hão de pô-la em marcha, e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira”, disse Bento XVI.
Cremos que é muito importante estarmos enraizados em Cristo, firmes na fé, como disse o Santo Padre, ainda mais que esta JMJ e os pronunciamentos pontifícios nos animaram, sobremaneira, a receber, em julho de 2013, no Rio de Janeiro, o Santo Padre Bento XVI.
Na quarta-feira passada, dia 24, o Papa Bento XVI, em sua alocução em Castelgandolfo, anunciou o tema da Jornada Mundial em 2013 no Rio de Janeiro: “Ide e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28, 19a). A Jornada do próximo ano (2012), que acontece nas Dioceses, terá o tema “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4, 4a).
Que São Sebastião nos inspire a nos preparar com a mesma unção do povo espanhol para receber o Vigário de Cristo em nossas terras, e que a nossa juventude se sinta enamorada de Cristo!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist., é arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
JMJ – Madrid 2011- Rio 2013
Por Cardeal Odilo Scherer
SÃO PAULO, sexta-feira, 26 de agosto de 2011 (ZENIT.org) – A Jornada Mundial da Juventude de Madrid, de 16 a 21 de agosto, foi uma bonita manifestação do rosto jovem da Igreja. O calor tórrido, que virou tempestade de verão justamente durante a vigília de mais de 2 milhões de jovens com o papa Bento 16, não impediu que a cidade se enchesse de vida e alegria juvenil, mesclando celebrações e catequeses em dezenas de igrejas, festa colorida com as bandeiras de 170 países representados. Por onde se olhasse, viam-se grupos de jovens com chapéus e mochilas da Jornada, entrando e saindo das estações de metrô, das igrejas, dos museus, sentados nas praças e parques, tomando lanche, interagindo, mesmo sem falarem a mesma língua, mas seguros de terem muito em comum.
Apenas um incidente foi registrado quando, na calada de uma noite, um grupo de “inconformados” organizou um protesto por supostos, mas negados, gastos do governo espanhol com a Jornada; tentaram invadir uma festa da juventude numa praça central de Madrid; a polícia interveio e garantiu a segurança dos jovens. A Jornada prosseguiu com uma programação intensa e a multidão dos “jovens do Papa” conquistou o coração dos madrilenhos.
Bento 16 encontrou diversas juventudes, mostrando alguns focos para as atenções da Igreja: aos seminaristas, que lotaram a bela catedral gótica de Nossa Senhora da Almudena, mostrou seu afeto e os exortou a continuarem “firmes na fé, edificados e enraizados em Cristo”, buscando nos estudos e na formação pessoal, corresponder ao chamado de Deus; às jovens religiosas, no Escorial, pediu que testemunhem o Evangelho através de sua consagração total a Cristo, num mundo cada vez mais descrente e necessitado de sinais fortes de Deus e de fé cristã.
Antes de se dirigir ao aeroporto “Quatro Ventos”, uma espécie de Campo de Marte em Madrid, para encontrar os mais de 2 milhões de jovens que lotavam os espaço, o papa fez uma visita ao Instituto São José, dos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus, onde recebem atenção e cuidados crianças e jovens com deficiência. Foi um encontro comovente. Bento 16 foi acolhido festivamente também por esses jovens e lhes assegurou o respeito e o carinho da Igreja; suas palavras foram transmitidas ao vivo e com imagens para a multidão de jovens rumorosos e cheios de vida, que o esperavam impacientes, já fazia horas. Um grande silêncio se fez na multidão. Falou da dignidade intocável de cada ser humano, não importando, suas capacidades; “com frequência, a dignidade dessas pessoas é posta em dúvida”, disse o papa, referindo-se a uma lógica materialista e utilitarista, que avalia as pessoas conforme sua eficiência, seu “custo social” e suas possibilidades de produção e consumo... Aos religiosos, familiares, voluntários e profissionais que assistem aos jovens com deficiência, o papa assegurou sua estima e lembrou as palavras de Cristo: “foi a mim que o fizestes”.
Finalmente, o “papa-móvel” adentrou o amplo espaço de “Quatro Ventos”; a aclamação de milhões de vozes, o agitar de milhares de bandeiras e os cânticos festivos não conseguiram, porém, espantar as nuvens ameaçadoras, que já prenunciavam uma tempestade... Jovens espanhóis levam solenemente a cruz das Jornadas para o palco. A vigília tem início e o Evangelho é proclamado. Os jovens escutam. O papa começa a sua homilia, mas é obrigado a interromper. O vento é forte! Os jovens acolhem com alegria a chuva forte que os refresca, depois de terem passado o dia sob um sol de 35 graus! O programa é ajustado; passa-se direto à adoração e à bênção eucarística. O papa deseja bom descanso e “até amanhã” aos jovens, que passam a noite em vigília, ali mesmo...
O domingo chegou ensolarado. Aos jovens juntam-se cerca de 13 mil padres e mais de 800 bispos para celebrarem a Eucaristia com o papa. Também o rei Juan Carlos e a rainha estão presentes. Os jovens brasileiros estão ansiosos, pois todos já falam do anúncio que o papa fará no final da missa. Bento 16 saúda os jovens e lhes pergunta como passaram a noite, dizendo que ficou preocupado e não deixou de pensar neles... A missa é solene. O Evangelho é o da profissão de fé de Simão Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”. O papa pediu aos jovens de 170 países que levem esse testemunho de fé em Cristo “para todos os povos”; não mera informação impessoal, mas a manifestação de um encontro pessoal e vivo com Cristo. E convidou-lhes a crescerem na fé, amparados no testemunho da Igreja, na comunidade de fé viva, sem a pretensão de seguir Jesus de modo solitário e individualista: “isso leva a uma falsa compreensão de Cristo e do Evangelho! Apoiem-se na fé dos irmãos e também sejam uma ajuda para a fé dos outros!”
No final da missa, na voz do papa, o anúncio esperado: “A próxima Jornada será em 2013, no Rio de Janeiro!” Um caloroso brado de acolhida de mais de 16 mil jovens brasileiros ecoou para os quatro ventos! O governador e o prefeito do Rio estavam lá e bateram palmas; também Gilberto Carvalho, representante da presidente da República. Dom Orani, arcebispo do Rio, recebeu o abraço do arcebispo de Madrid; jovens espanhóis entregaram a cruz e o ícone das Jornadas a um grupo de jovens enrolados em bandeiras do Brasil. Foi festa brasileira na Espanha. Todos foram convidados para a Jornada Mundial da Juventude do Rio. A preparação já começou e é tarefa para toda a Igreja no Brasil! E o papa deu a bênção a todos.
Publicado no jornal O SÃO PAULO, edição de 23/08/2011
Cardeal Odilo Pedro Scherer é arcebispo de São Paulo
SÃO PAULO, sexta-feira, 26 de agosto de 2011 (ZENIT.org) – A Jornada Mundial da Juventude de Madrid, de 16 a 21 de agosto, foi uma bonita manifestação do rosto jovem da Igreja. O calor tórrido, que virou tempestade de verão justamente durante a vigília de mais de 2 milhões de jovens com o papa Bento 16, não impediu que a cidade se enchesse de vida e alegria juvenil, mesclando celebrações e catequeses em dezenas de igrejas, festa colorida com as bandeiras de 170 países representados. Por onde se olhasse, viam-se grupos de jovens com chapéus e mochilas da Jornada, entrando e saindo das estações de metrô, das igrejas, dos museus, sentados nas praças e parques, tomando lanche, interagindo, mesmo sem falarem a mesma língua, mas seguros de terem muito em comum.
Apenas um incidente foi registrado quando, na calada de uma noite, um grupo de “inconformados” organizou um protesto por supostos, mas negados, gastos do governo espanhol com a Jornada; tentaram invadir uma festa da juventude numa praça central de Madrid; a polícia interveio e garantiu a segurança dos jovens. A Jornada prosseguiu com uma programação intensa e a multidão dos “jovens do Papa” conquistou o coração dos madrilenhos.
Bento 16 encontrou diversas juventudes, mostrando alguns focos para as atenções da Igreja: aos seminaristas, que lotaram a bela catedral gótica de Nossa Senhora da Almudena, mostrou seu afeto e os exortou a continuarem “firmes na fé, edificados e enraizados em Cristo”, buscando nos estudos e na formação pessoal, corresponder ao chamado de Deus; às jovens religiosas, no Escorial, pediu que testemunhem o Evangelho através de sua consagração total a Cristo, num mundo cada vez mais descrente e necessitado de sinais fortes de Deus e de fé cristã.
Antes de se dirigir ao aeroporto “Quatro Ventos”, uma espécie de Campo de Marte em Madrid, para encontrar os mais de 2 milhões de jovens que lotavam os espaço, o papa fez uma visita ao Instituto São José, dos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus, onde recebem atenção e cuidados crianças e jovens com deficiência. Foi um encontro comovente. Bento 16 foi acolhido festivamente também por esses jovens e lhes assegurou o respeito e o carinho da Igreja; suas palavras foram transmitidas ao vivo e com imagens para a multidão de jovens rumorosos e cheios de vida, que o esperavam impacientes, já fazia horas. Um grande silêncio se fez na multidão. Falou da dignidade intocável de cada ser humano, não importando, suas capacidades; “com frequência, a dignidade dessas pessoas é posta em dúvida”, disse o papa, referindo-se a uma lógica materialista e utilitarista, que avalia as pessoas conforme sua eficiência, seu “custo social” e suas possibilidades de produção e consumo... Aos religiosos, familiares, voluntários e profissionais que assistem aos jovens com deficiência, o papa assegurou sua estima e lembrou as palavras de Cristo: “foi a mim que o fizestes”.
Finalmente, o “papa-móvel” adentrou o amplo espaço de “Quatro Ventos”; a aclamação de milhões de vozes, o agitar de milhares de bandeiras e os cânticos festivos não conseguiram, porém, espantar as nuvens ameaçadoras, que já prenunciavam uma tempestade... Jovens espanhóis levam solenemente a cruz das Jornadas para o palco. A vigília tem início e o Evangelho é proclamado. Os jovens escutam. O papa começa a sua homilia, mas é obrigado a interromper. O vento é forte! Os jovens acolhem com alegria a chuva forte que os refresca, depois de terem passado o dia sob um sol de 35 graus! O programa é ajustado; passa-se direto à adoração e à bênção eucarística. O papa deseja bom descanso e “até amanhã” aos jovens, que passam a noite em vigília, ali mesmo...
O domingo chegou ensolarado. Aos jovens juntam-se cerca de 13 mil padres e mais de 800 bispos para celebrarem a Eucaristia com o papa. Também o rei Juan Carlos e a rainha estão presentes. Os jovens brasileiros estão ansiosos, pois todos já falam do anúncio que o papa fará no final da missa. Bento 16 saúda os jovens e lhes pergunta como passaram a noite, dizendo que ficou preocupado e não deixou de pensar neles... A missa é solene. O Evangelho é o da profissão de fé de Simão Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”. O papa pediu aos jovens de 170 países que levem esse testemunho de fé em Cristo “para todos os povos”; não mera informação impessoal, mas a manifestação de um encontro pessoal e vivo com Cristo. E convidou-lhes a crescerem na fé, amparados no testemunho da Igreja, na comunidade de fé viva, sem a pretensão de seguir Jesus de modo solitário e individualista: “isso leva a uma falsa compreensão de Cristo e do Evangelho! Apoiem-se na fé dos irmãos e também sejam uma ajuda para a fé dos outros!”
No final da missa, na voz do papa, o anúncio esperado: “A próxima Jornada será em 2013, no Rio de Janeiro!” Um caloroso brado de acolhida de mais de 16 mil jovens brasileiros ecoou para os quatro ventos! O governador e o prefeito do Rio estavam lá e bateram palmas; também Gilberto Carvalho, representante da presidente da República. Dom Orani, arcebispo do Rio, recebeu o abraço do arcebispo de Madrid; jovens espanhóis entregaram a cruz e o ícone das Jornadas a um grupo de jovens enrolados em bandeiras do Brasil. Foi festa brasileira na Espanha. Todos foram convidados para a Jornada Mundial da Juventude do Rio. A preparação já começou e é tarefa para toda a Igreja no Brasil! E o papa deu a bênção a todos.
Publicado no jornal O SÃO PAULO, edição de 23/08/2011
Cardeal Odilo Pedro Scherer é arcebispo de São Paulo
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