segunda-feira, 1 de agosto de 2011

RELIGIÃO - 2


A Igreja de Cristo na história dos homens (Cont. II)
P. Antenor de Andrade Silva, sdb.

Os  grupos que se juntaram  aos Doze

Ao lado dos Apóstolos se juntaram judeus praticantes, frequentadores assíduos do Templo de Jerusalém  e os que assim se denominavam, mas viviam à margem da religião oficial.
Havia um bom número composto por antigos discípulos de João Batista. Viviam no Mosteiro de Qumram na margem ocidental do Mar Morto, não muito distante de Jerusalém. Os muitos sacerdotes que aderiam à fé (At 6,7) tiveram possivelmente um papel importante na organização da liturgia em Jerusalém.
Havia também  estrangeiros, provenientes de fora da Palestina. Na bacia do Mediterrânio encontravam-se diversos grupos de judeus que ali se haviam estabelecido desde os tempos do Exílio. Esses hebreus, também chamados da Diápora[1] eram mais numerosos que os próprios conterrâneos que viviam na Palestina.  Os Atos falam-nos que um desses primeiros convertidos, um levita, chamava-se Bárnaba e era originário da Ilha de Chipre, em pleno Mediterrâneo (At 4, 36).
Nota-se, por conseguinte que inicialmente a Boa Nova do Evangelho difundiu-se entre os judeus da Palestina de cultura hebraica e os de cultura grega que viviam fora da própria terra e geralmente falavam o idioma grego.  Utilizavam-se ambas os idiomas, o aramaico e o grego.

A Comunidade de Jerusalém

Os Doze eram originários da Palestina, hebreus que continuaram a observar as normas do Judaismo. Muitos judeus escutavem e seguiam as pregações apostólicas, sem se desligram das normas da Lei (At 21,20), como a circumcizão. Os primeiros cristãos de Jerusalém observavam as purificações da Lei mosaica e frequentavam as orações que se faziam no Templo ( At 2,46).
Os cristãos já naqueles tempos se consideravam o Novo Povo de Deus.  Não só, julgam-se destinados por Deus a converterem todos os povos, começando pelos irmãos  judeus de Jerusalém. Continuam participando da vida religiosa do próprio povo, enquanto  se reúneme também entre si. Há encontros no Cenáculo, nas próprias casas como na de Maria, Mãe de João, cujo sobrenome era Marcos (At 12,12). Faziam orações, como o Pai Nosso de Jesus, refletiam sobre suas parábolas. Um dos grandes desejos que exprimiam naquelas reuniões era ao pedido do retorno de Jesus. Expressasavam-no a través do refrão em aramaico: “Maranà tha”!, Vem Senhor Jesus! Em suas casas eram assíduos na fração do pão, lembrando e repetindo o gesto de Cristo que havia benzido o pão e o vinho e distribuido aos seus Apóstolos.
Outro aspecto interesando na Comunidade de Jerusalém era a condivisão dos bens, assim como Jesus e seus discípulos também tinham um Caixa comum. É possível que esse gesto de colocar a mesa e os bens em comum tenha sido introduzido pelos cristãos provenienes dos lugares próximos a Qumran, já que era comum entre os essênios.
Constituidos por um grupo ainda restrito essa prática não apresentava tantos problemas. O ecritor Lucas nos apresenta um quadro bastante plástico do que então era vivido pelos nossos primeiros irmãos em Cristo.

         Todos os que viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um” (At 2 44,45).

Lucas, no entanto, apresenta só o episódio do Chipriota Barnabé que vende seu terreno e entrega aos Apóstolos a importância para o bem comum (At 4, 36,37). Quanto a Ananias e Safira os dois foram castigados não porque tivessem entregue à comunidades só uma parte do dinheiro adquirido com a venda do campo, mas porque mentiram (At 5, 1-11).
Aumentando a número dos discípulos a prática da colocação dos bens em comum tornou-se mais problemática no que dizia respeito à distribuição equânime dos bens (At 6,1).
A distribuição da ração diária eram feita em primeiro lugar aos que falavam o aramaico, aos hebreus. Em seguida aos que falavam o grego, vindos da Diáspora e residentes em Jerusalém. Estes reclamavam, alegando que suas viúvas ficavam prejudicadas. O problema foi solucionado com a escolha de um gupo dos Sete que se encarregaram dos helenistas de Jerusalém ( At 6,3-6).


[1] Diáspora (significa dispersão) judaica, segundo o pensamento bíblico, é o resultado da quebra do pacto entre Javé o seu povo escolhido. A história apresenta duas diásporas. A primeira teria acontecido no ano de 586 a.C., quando Nabucodonosor II — imperador babilônico — invadiu o Reino de Judá, destruindo a cida de Jerusalém, juntamente com o maior tesouro judaico, o Templo. Os judeus foram então deportados  para a Mesopotâmia. É o que conhecemos por Diáspora da Babilônia.
Uma parte do povo retornou à Palestina no tempo do Rei Ciro I. No entanto, a dispersão do povo teve lugar mais precisamente em 722 a.C, quando os Assírios destróem o Reino de Israel ao Norte da Palestina.
         A Segundo Diáspora encontramos durante o dominio Romano no ano 70 d.C, quando Jerusalém foi novamente arrasada. Os judeus se estabeleceram na Ásia Menor, África do Sul e Europa.



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