Neste Evangelho, Jesus faz uma lamentação sobre Jerusalém, a cidade santa, que abrigou tantos profetas, patriarcas e outros enviados de Deus. Entretanto, agora, não quis acolher o Messias, aquele que lhe pode trazer a paz.
Os olhos dos seus habitantes se fecharam, seu coração se endureceu e fizeram da cidade um centro de exploração e opressão do povo. Enveredaram por um caminho que é o avesso da paz.
Por isso, Jerusalém será destruída. Não quis reconhecer a visita de Deus e a ocasião para mudar as próprias estruturas injustas. Não quis abrir-se ao apelo do Messias, que pede a conversão.
Em outra ocasião, no encontro com a samaritana, Jesus disse algo semelhante: "Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: 'Dá-me de beber', tu lhe pedirias, e ele te daria água viva!" (Jo 4,10).
Se também nós conhecêssemos e valorizássemos o tesouro que nos foi dado, que é Jesus e o seu Reino, com certeza o mundo seria melhor. "Se a gente compreendesse o amor que Deus nos dá, o inferno poderia se acabar!" (Refrão de um canto das Comunidades cristãs).
A conversão é como uma pedra que cai em um lago; as ondas vão se alargando, até atingir todo o lago. A nossa conversão faz o mundo ser melhor. Mas para isso ela tem de ser decidida, generosa e transportada para a nossa prática do dia-a-dia.
O próprio Deus reclama: "O meu povo abandonou a mim, fonte de água viva, e cavou para si cisternas rachadas, que não retêm a água!" (Jr 2,13). Essas cisternas rachadas são os caminhos falsos de felicidade que o mundo nos apresenta.
Muitas vezes, o que emperra a nossa conversão não é a recusa direta da Lei de Deus, mas a tibieza e a mediocridade. É ficar no meio do caminho. "Conheço a tua conduta. Não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca" (Ap 3,15).
Veja o que Deus fala ao seu povo: "Extrairei do seu corpo o coração de pedra e lhes darei um coração de carne, de modo que andem segundo minhas leis, observem e pratiquem meus preceitos. Assim serão o meu povo e eu serei o seu Deus" (Ez 11,19-20).
Havia, certa vez, uma senhora que participava da Santa Missa, mas começou a pensar que, para a sua conversão ser completa, ela devia participar de uma pastoral, ou fazer um serviço qualquer na Comunidade. Mas as suas condições de saúde eram limitadas.
Numa noite, ela estava saindo da igreja e viu o sacristão fechando a porta da frente. Ele tentava descer o trinco de baixo da porta, mas não conseguia, porque o buraquinho estava cheio de terra. Então ele deixou o trinco solto, sem prender embaixo.
Vendo a cena, a senhora tomou a decisão de, no dia seguinte, trazer uma ferramenta e limpar o buraquinho. A partir daquele dia, ela sempre, à tardezinha, ia à igreja e limpava o buraquinho da porta.
Com isso, aquele mulher descobriu o seu trabalho na Comunidade, a sua maneira de colaborar, dentro das suas possibilidades.
Que bom se a nossa conversão fosse completa! A Comunidade cristã é o Corpo de Cristo, e cada cristão é um membro desse corpo. E sabemos que o corpo não tem nenhum membro sem função.
Que Maria Santíssima interceda junto de Deus, para que ele transforme o nosso coração de pedra em um coração de carne, aberto à sua graça.
Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!
Padre Queiroz
Os sinais estão para todos enxergarem. Que nossos corações e mentes se abram para o entendimento.
ResponderExcluir