quinta-feira, 24 de novembro de 2011

História da Igreja de Jesus Cristo


A IGREJA E SEUS TRÊS PAPAS (2º artigo)

(P. Antenor) 
Novos problemas

Quando tudo precia tranquilo difundiu-se o boato que o novo Papa pertencia ao grupo dos que eram a favor do retorno para Avinhão. Era justamente isso que os italianos não queriam. A multidão aos gritos invadiu o Conclave. A maoria dos Cardeais fugiu,  com medo da populaça. Imagine-se um grupo de homens gordos e obesos, vestidos com longas e pesadas indumentárias, - os chamados arreios sagrados - , encobrindo-lhes as gorduras, (os mais jovens, batendo-se nos mais idosos), em debandada pelos corredores do Vaticano…  Enquando Prignano  não respondia, para acalmar o povareo, o velho Cardeal romano Tebaldeschi foi anunciado como o novo Papa…
Finalmente o Arcebispo de Bari deu o seu Sim, escolhendo o nome de Urbano VI. A coroação aconteceu no dia 18 de Abril. Em seguida os Cardeais escreveram aos colegas de Avinhão assegurando-lhes que a eleição tinha dido “livre e unanimemente”… Percebe-se que o pleito, feito por pressão do povo, não tinha sido normal, o que, aliás, não era a primeira vez que acontecia.
A aceitação do novo Pontífice pela população teria continuado normal, não fosse  as atitudes desconcertantes e inesperadas tomadas pelo eleito. Antes mesmo que terminasse o mês de Abril, Urbano VI, já tinha contra si a ira dos Cardeais.
O ocupante da Cátedra de Pedro criticava-os pública e violentamente pelo luxo e ausência nas atividades curiais. Chamou-os inclusive de ladrões, prometendo fazer uma reforma, para que eles começassem um novo modo de vida. A situação virou um barril de pólvora.
O fato de apenas a alguns dias após sua coroação, Urbano VI ter-se insurgido inesperadamente contra seus eleitores  mostra um homem combativo, violento e ao mesmo tempo denuncia uma certa falta de critério, de bom senso. Devia ter a aguardado um pouco mais. Talvez por isso não tenho tido o aval do Imperador Carlos V e da Rainha Joana, de Nápoles.
 «O fruto dos rancores acumulados, o silêncio da Cúria, ou o efeito das insuportáveis dores no estômago, bem como suas invectivas e sua pouca habilidade revelaram brutalmente um caráter violento que pioraria no curso do pontificado e terminariam por fazerem um vácuo ao seu redor»[1].
Durante o mês de Maio houve uma debandada de Cardeais fugindo de Roma. Cada um com seu pretexto. No final de Junho permaneciam na Capital somente os italianos. Urbano VI estava muito preocupado. Diante da situação, os mesmos purpurados italianos propuseram um Concílio. Os demais recusaram a idéia aduzindo que somente o Papa poderia convocar um Concílio, o que é certo. Diziam mais: a eleição de Prignano (Urbano VI) era nulla, pois acontecera sob coacção, medo e precipiação e que por conseguinte, não tinha a asistencia do Espírito Santo.
A Rainha Joana (Nápoles) patrocinou uma reunião  para tentar solucionar o problema. Durante a mesma, soube-se que em Roma, Urbano VI nomeara vinte e nove Cardeais, vinte deles italianos. No dia 20 de Setembro começa o Conclave em Fondi. O Papa de Roma é cassado e por unanimidade é eleito Roberto de Genebra para substituí-lo. Adota o nome de Clemente VII. Os Cardeais que tinham permanecido em Avinhão aceitaram por unanimidade a eleição de Roberto de Genebra, como o novo Papa.
Observe-se que não era a primeira vez que dois papas disputavam a Cátedra de Pedro. O fato torna-se insólito, triste e até um tanto ridículo, na historia da Igreja, tendo-se em vista que os dois tinham sido escolhidos pelo mesmo Colégio Cardinalício. Piadas da história!
Certamente que os Cardeais ao tomarem esta atitude não a fizeram sem acurada reflexão e sem padecerem alguma crise de conciência.


[RRÓXIMA POSTAGEM: DIVISÃO DA CRISTANDADE]


[1] Paul Christophe, La Chiesa nella Storia degli  Uomini, p 347.

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