O IMPERADOR Trajano e os Cristãos
No artigo anterior vimos como Plínio, o Moço, pede instruções ao Imperador Trajano sobre como agir com os Cristãos.
Vejamos agora quais as instruções dadas pelo Romano, orientações que se tornaram jurisprudência nos processos contra os discípulos de Jesus.
O pensamento do Imperador era que «não se podia instituir uma regra geral», que não se começasse uma perseguição contra os Cristãos de todo o Império. Contudo, diziam as normas, era preciso que se examinassem as denúncias. Trajano não desejava que o sangue cristão inundasse o Império, mas também não liberava de desconfiança o apelativo “Cristão”. Os irredutíveis devem ser condenados, enquanto os que sacrificam aos deuses devem gozar de indultos.
Plínio tinha enviado a seu amigo o Imperador uma volumosa lista de acusados, sem nenhuma assinatura dos acusadores.
A resposa foi que não se levasse em conta aqueles acusados. As denúncias anônimas «não devem ter nenhum peso em uma acusação. É um procedimento detestável é que não é mais de nossa época».
Pelo que se vê, Trajano deve ter ficado um pouco embaraçado e como bom político, suas diretrizes, um tanto quanto escorregadias, têm algo de ambíguas.
Um comentarista afirma:
«Oh, que estranha sentença, ilógica por necessidade! Diz que não precisa procurá-los, como se fossem inocentes e prescreve-lhes punições como se fossem criminosos! Perdôa e golpeia (…)»[1].
O mesmo Governador Tertuliano coloca-se contra a iniquidade do rescrito. «O Cristão é punível não porque seja culpado, mas porque é descoberto». Vivendo com os Cristão encontravam-se muitos inimigos, muitos dos quais até gostavam de obter benesses das autoridades ao denunciarem os adeptos da nova religião. As denúncias tinham origem também em certa tolerância de alguns governadores de Províncias, ou mesmo na necessidade de abastecer o cruel povo romano de vítimas para as festas pagãs e os combates nos Círculos.
Adriano, lá pelo ano 125, lembra em um rescrito que as denúncias sejam feitas de acordo com a lei e que os caluniadores sejam severamente punidos.
O mesmo não acontece na época do Imperador Marco Aurélio (161-180) e Cômodo (180-192), seu filho, quando recrudesceram as perseguições.
O motivo desta sanha geral e implacável, parece ter sido, segundo alguns historiadores, as intensas e contínuas dificultades por que passou o Império. Na época, os primeiros bárbaros germânicos invadiram os domínios, atravesando o rio Danúbio. A peste assolou Roma vitimando milhares de pessoas. O rio Tibre que atravessa a capital imperial invadiu a cidade, causando detruições e mortes. As multidões colocam a culpa nos Cristãos que, para elas, haviam provocado a ira dos deuses.
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