terça-feira, 1 de novembro de 2011

Comentário do Evangelho de hoje,

Comentário do Evangelho de Lucas 14,15-24PDFImprimirE-mail
Escrito por Ervino Martinuz   
Seg, 31 de Outubro de 2011 18:05
• O evangelho de hoje continua a reflexão sobre temas relacionados com a mesa e o convite à mesa. Jesus conta a parábola do banquete. Muitas pessoas tinham sido convidadas, mas a maioria não foi. O dono da festa ficou indignado pela ausência dos convidados e mandou chamar pobres, alijados, cegos e coxos. E apesar disso havia ainda lugar. Então mandou convidar todos, até a sala estivesse cheia. Esta parábola era uma luz para as comunidades do tempo de Lucas. • Nas comunidades do tempo de Lucas eram cristãos vindos do judaísmo e cristãos vindos do paganismo. Apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles viviam o ideal da partilha e da comunhão (At 2,42; 4,32; 5,12). Mas havia muitas dificuldades porque algumas normas de pureza formal impediam aos judeus de comerem com os pagãos. E também depois de terem entrado na comunidade cristã, alguns deles mantinham antigos costumes de não se sentaram à mesa com um pagão. Por isso Pedro entrou em conflito com a comunidade de Jerusalém por ter entrado na casa de Cornélio, um pagão, e por ter sentado à mesa como ele (At 11,3). Diante desta problemática das comunidades, Lucas traz uma série de palavras de Jesus relacionadas com o banquete (Lc 14,1-24). A parábola que aqui estamos lendo é um retrato daquilo que estava acontecendo nas comunidades. • Lucas 14,15: Feliz quem comerá o pão no Reino de Deus. Jesus tinha acabado de narrar duas parábolas: uma, sobre a escolha dos lugares (Lc 14,7-11), e a outra sobre a escolha dos convidados (Lc 14,12-14). Enquanto ouvia estas parábolas, alguém que estava à mesa com Jesus deve ter captado a incidência do ensino de Jesus e deve ter comentado: “Feliz aquele que come o pão no reino de Deus!”. Os judeus comparavam o tempo futuro do Messias a um banquete, caracterizado pela gratidão e pela comunhão (Is 25,6; 55,1-2; Sal 22,27). A fome, a pobreza e a carestia faziam esperar ao povo obter no futuro o que não tinham no presente. A esperança dos bens messiânicos, geralmente experimentados nos banquetes, era uma perspectiva do final dos tempos. • Lucas 14,16-20: O grande banquete está pronto. Jesus responde com uma parábola. “Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas”. Mas os compromissos de cada um impedem aos convidados de aceitar o convite. O primeiro diz: “Comprei um campo e preciso vê-lo!” O segundo: “Comprei cinco juntas de bis e vou experimentá-las!. O terceiro: “Acabo de me casar e, por isso, não posso ir!” o contexto das normas e dos usos da época, aquelas pessoas tinham o direito de não aceitar o convite (cfr. Dt 20,5-7). • Lucas 14,21-22: O convite continua aberto. O dono da festa fica indignado constatando que seu convite não foi aceito. No fundo, quem está indignado é o próprio Jesus porque as normas da estrita observância da lei limitavam as pessoas de terem chance de viver a gratuidade de um convite à casa de amigos, convite marcado pela fraternidade e pela partilha. Assim do dono da festa manda os servos convidar os pobres, os cegos, os alijados e os coxos. Aqueles que normalmente eram excluídos porque considerados impuros, agora são convidados a se sentarem ao redor da mesa do banquete. • Lucas 14,23-24: Ainda há lugar. A sala ainda não está cheia. Então, o dono da casa manda os servos convidar aqueles que estão na rua. São os pagãos. Também eles são convidados. Assim, no banquete da parábola de Jesus, se sentam todos ao redor da mesma mesa, judeus e pagãos. No tempo de Lucas, havia muitos problemas que impediam a realização deste ideal do banquete comum. Através da parábola, Lucas faz ver que a prática do banquete vinha diretamente de Jesus. Após a destruição de Jerusalém, no ano 70, os fariseus foram assumindo a direção nas sinagogas, exigindo o cumprimento rígido das normas que os identificavam como povo judeu. Os judeus que se convertiam ao cristianismo eram considerados uma ameaça, porque destruíam os muros que separavam Israel dos outros povos. Os fariseus tentavam obrigá-los a abandonar a fé em Jesus. Como não conseguiam, os expulsavam das sinagogas. Tudo isto provocava uma lenta e progressiva separação entre judeus e cristãos e era origem de muito sofrimento, sobretudo para os judeus convertidos (Rm 9,1-5). Na parábola, Lucas afirma claramente que estes judeus convertidos não eram infiéis a seu povo. Pelo contrário! Eles eram os convidados que aceitaram o convite. Eles eram s verdadeiros herdeiros de Israel. Infiéis foram aqueles que não aceitaram o convite e não quiserem reconhecer em Jesus o Messias (Lc 22,66; At 13,27). Para uma avaliação pessoal • Quais são as pessoas que em geral são convidadas e quais são as pessoas que, em geral, não são convidadas às nossas festas? • Quais são os motivos que hoje limitam a participação das pessoas na sociedade e na igreja? E quais são os motivos que alguns alegam para se excluir da comunidade? São motivos justos?
 

Um comentário:

  1. Ainda hoje somos convidados, porém, mergulhados no egoismo do crescimento pessoal não temos tempo para Deus. Precisa muitas vezes acontecer algo que nos freie nessa caminhada pessoal alienante para que possamos valorizar as coisas do alto.

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